Dissidente sueco-iraniano acusado de terrorismo executado no Irão

Habib Farajollah Chaab tinha sido condenado à morte por liderar um grupo separatista árabe acusado de vários ataques. Governo sueco protesta e convoca diplomata iraniano.

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Justiça iraniana condenou Chaab por “corrupção na Terra, gestão e comando de um grupo rebelde e idealização e execução de várias operações terroristas” Reuters/WANA NEWS AGENCY

O Irão executou este sábado um dissidente de nacionalidades sueca e iraniana que tinha sido condenado por liderar um grupo separatista árabe acusado de vários ataques, incluindo um que matou 25 pessoas, numa parada militar, em 2018.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Suécia informou que convocou o vice-embaixador iraniano em Estocolmo para protestar contra a execução de Habib Farajollah Chaab.

Chaab foi condenado pelo Supremo Tribunal em Março por “corrupção na Terra, gestão e comando de um grupo rebelde e idealização e execução de várias operações terroristas”, ao abrigo das restritivas leis islâmicas aplicadas pela Justiça do país.

O dissidente tinha sido detido pelas forças de segurança iranianas na Turquia, em 2020, para onde terá sido alegadamente atraído sob um falso pretexto.

Acabou por ser julgado no ano passado, acusado de liderar o Movimento de Luta Árabe pela Libertação de Ahwaz – criado em 2005 para reivindicar a independência da província do Cuzistão, no Sul do Irão – e de ter levado a cabo “numerosos ataques bombistas e operações terroristas”.

O regime tem relações tensas com muitas das minorias étnicas do Irão, nomeadamente com os árabes, os curdos, os azerbaijanos ou os baluches, e acusa-os, muitas vezes, de serem aliados dos países vizinhos.

Apesar das denúncias, o Governo do Irão recusa, no entanto, que promova discriminação em relação a estas minorias.

Tobias Billstrom, ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, recebeu com “consternação” a notícia da execução de Chaab, divulgada pela televisão estatal iraniana, e disse que o seu Governo apelou insistentemente às autoridades da república islâmica para não avançarem com a aplicação da pena.

“A pena de morte é uma punição desumana e irreversível e a Suécia, em conjunto com o resto da UE, condena a sua aplicação em quaisquer circunstâncias”, disse o ministro.

As relações entre a Suécia e o Irão esfriaram, à luz desde caso, mas também por causa de uma condenação de pena perpétua, decretada por um tribunal sueco, a um antigo membro do regime iraniano, pelo seu envolvimento na execução de prisioneiros políticos em 1988.