A todos os professores da minha infância, obrigado

Foi a estes professores que foram confiados muitos dos futuros desta geração, aspirações e sonhos, assim como as frustrações e problemas familiares.

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Megafone P3: A todos os professores da minha infância, obrigado Unplash

Todos nós, em certo momento do nosso percurso escolar — já terminado ou não —, tivemos aqueles professores que nos marcaram, pela positiva ou negativa, e contribuíram para a nossa formação e para a construção do nosso “ser interior”.

Quando somos crianças, o nosso desejo de descobrir e compreender o que nos rodeia é enorme, havendo sempre lugar a novas aprendizagens, novas certezas e novas questões. À medida que crescemos, este conhecimento inocente foi ganhando contornos, refinando-se, ganhando certas certezas e perdendo um pouco o deslumbre da descoberta. A iniciativa foi substituída, gradualmente, pela obrigação dos “conhecimentos obrigatórios” para passarmos de ano. As matérias eram apenas sorvidas, e q.b., para os testes e frequências que se iam acumulando no calendário escolar.

Aos professores coube a difícil tarefa de desmistificar o vocabulário próprio de cada área do saber, de tornar interessantes as matérias menos interessantes (até mesmo para eles); de manter, permanentemente, uma alma aberta a novas sugestões, com paciência abundante e preocupação única em relação a cada aluno.

Foi a estes professores que, involuntariamente, foram confiados muitos dos futuros desta geração, muitas das aspirações e sonhos, assim como, em certa medida, as frustrações e problemas familiares. Quantas vezes sentiram os problemas de cada aluno como se de um filho se tratasse? Sabiam os nomes de todos os alunos, os gostos e preferências e, até, os interesses amorosos e cochichos…

Os professores da nossa infância não foram apenas responsáveis por nos ensinarem História, Geografia, Matemática, Português, Inglês, Francês, Ciências, Artes, entre tantas outras disciplinas. Foram os grandes responsáveis pelas nossas vocações e a capacidade de as explorar.

Se estou em Geografia devo-o, inteiramente, aos meus professores de infância. Se aprendi a diferenciar o “há” do “à” devo-o aos meus professores (e professoras) de português, que muito me “melgaram” sobre a importância da gramática ou da leitura. Se me orgulho da nossa história ou sei o porquê dos nossos feriados devo-o inteiramente aos meus professores de História. Se sei que a Matemática é a ciência dos “não preguiçosos” devo aos meus professores, que mo fizeram ver (da pior forma, por vezes…).

Infelizmente, fui perdendo o contacto de muitos dos meus professores de infância… apesar de nunca me ter esquecido do nome deles, do rosto de cada um e até as alcunhas que carinhosamente — ou menos carinhosamente — lhes atribuíamos. Através do Facebook (que em muito veio a beneficiar a comunicação), vou mantendo o contacto de muitos dos professores que, em algum momento da minha vida, partilharam os seus sonhos e expandiram os meus.

A todos eles, só posso agradecer. Devo tudo o que sou como homem, como estudante, como geógrafo, como amigo, como (se Deus quiser) futuro professor, entre tantas outras facetas.

A mais digna arte do Homem não é a poesia, a arte, a ciência, a história, a geografia, a matemática, a música. Esta é, em verdade, a arte de conseguir difundir tudo isto, de criar as façanhas, medos, mistérios, tragédias em cada mente e de semear o conhecimento e o desejo deste em tantos e tantas.

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