Republicanos intimam FBI a entregar documentos sobre “alegado esquema criminoso” de Biden

Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes diz que o FBI recebeu, em 2020, uma denúncia “altamente credível” de que Biden foi subornado. Partido Democrata fala em “insinuações anónimas”.

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O pedido foi feito pelo líder da Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano James Comer Reuters/ELIZABETH FRANTZ

O líder da principal comissão de investigação da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano James Comer, intimou o director do FBI a entregar ao Congresso norte-americano, até à próxima quarta-feira, um documento "altamente credível" que denuncia, segundo o responsável, "um alegado esquema criminoso que envolve Joe Biden e um cidadão estrangeiro".

A ordem foi prontamente criticada pela Casa Branca, que a descreveu como "mais um capítulo de uma campanha com motivações políticas e assente em insinuações anónimas" contra o Presidente dos EUA, Joe Biden.

"Os republicanos da Câmara dos Representantes estão a reciclar alegações infundadas que foram postas a circular pelos republicanos do Senado", disse Jamie Raskin, o mais sénior congressista do Partido Democrata na comissão liderada por James Comer.

"À luz da promessa de Comer de desmantelar o FBI, não é nenhuma surpresa vê-lo a usar informações não comprovadas para atacar o Presidente Biden", disse Raskin.

James Comer, de 50 anos, um político do Kentucky eleito pela primeira vez em 2016, é o líder da poderosa Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes desde Janeiro, nomeado para o cargo pela nova maioria do Partido Republicano.

Nos últimos meses, grande parte da sua actividade tem consistido no arquivamento das investigações sobre Trump que a maioria do Partido Democrata abriu em 2018, e na abertura de novas investigações sobre Biden e o seu filho, Hunter Biden.

Numa entrevista à CNN, em Abril, em que foi questionado sobre o andamento de uma investigação focada nos negócios financeiros da família Biden, o congressista republicano recuou nas suas declarações iniciais de que haveria "provas em todo o lado" de um envolvimento de Joe Biden nos negócios do seu filho.

Segundo uma acusação tida como verdade nos meios mais extremistas do Partido Republicano, Joe Biden teria sido subornado por ucranianos e chineses nos tempos em que foi vice-presidente dos EUA.

Os republicanos focam-se na contratação de Hunter Biden por uma empresa de energia ucraniana, a Burisma, em 2013, e na suposição — nunca provada nos tribunais nem em anteriores investigações do Congresso dos EUA — de que Biden orientou a política externa norte-americana sobre a Ucrânia em benefício da sua família.

"Investigar a família Biden é como perseguir o rasto de um urso a sangrar numa tempestade de neve", disse James Comer, em Janeiro, ao anunciar a abertura da investigação no programa da apresentadora Maria Bartiromo, na Fox News — um dos mais vistos por apoiantes do ex-Presidente dos EUA Donald Trump.

Quatro meses depois, na CNN, o mesmo republicano disse apenas que a investigação sobre a família Biden tinha posto a descoberto "muitas situações antiéticas" e outras "que deveriam ser ilegais" — sem reafirmar a acusação inicial de que havia "provas em todo o lado" de supostos crimes cometidos pelo actual Presidente dos EUA nos tempos em que era vice-presidente.

Agora, numa carta enviada ao director do FBI, Christopher Wray, e ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, o congressista do Partido Republicano diz que a polícia federal norte-americana tem na sua posse "revelações altamente credíveis e não classificadas" de que Biden esteve envolvido num "esquema criminoso" no tempo em que era o vice-presidente dos EUA, "relacionado com a troca de dinheiro por decisões de política externa".

Segundo James Comer e um outro republicano que assina a carta, o senador Chuck Grassley, esse suposto esquema terá sido conhecido "numa denúncia altamente credível e não classificada de um whistleblower".

Na intimação, o líder da Comissão de Supervisão pede ao director do FBI que lhe envie todos os formulários do tipo FD-1023 que contenham a palavra "Biden" e que tenham sido recebidos pela polícia federal em Junho de 2020 — numa altura em que o Presidente dos EUA era Trump e o procurador-geral era o republicano William Barr.

Por norma, os formulários FD-1023 do FBI servem para o registo de informações em bruto passadas à polícia por um informador, e não são usados pelos whistleblowers para denunciarem, sob juramento, casos de corrupção e outros crimes em instituições do Governo federal norte-americano.

Na carta enviada ao director do FBI, os dois republicanos admitem que não sabem se a polícia federal "tomou medidas para confirmar as alegações ou se abriu uma investigação".

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