Protestos pelo clima continuam. António Arroio sem aulas, estudantes da FLUL conseguem apoio de professores

Jovens fazem ocupações pelo clima, pedindo o fim dos combustíveis fósseis em Portugal até 2030 e electricidade 100% renovável e a preços acessíveis a todas as famílias até 2025.

#MAM Maria Abranches - 2 de Maio 2023 - Alunos de escolas em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis, Lisboa.
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Alunos de escolas e faculdades em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis Maria Abranches
#MAM Maria Abranches - 2 de Maio 2023 - Alunos de escolas em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis, Lisboa.
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Alunos de escolas e faculdades em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis Maria Abranches
#MAM Maria Abranches - 2 de Maio 2023 - Alunos de escolas em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis, Lisboa.
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Alunos de escolas e faculdades em Lisboa estão em protestos pelo clima e pedem o fim dos combustíveis fósseis Maria Abranches

É terça-feira e os protestos dos alunos pelo clima continuam. Três estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) tiveram uma reunião com o director da faculdade, Miguel Tamen, com início por volta das 12h. Na parte de fora, cerca de uma dezena de alunos ocupam a entrada do gabinete, com as suas faixas. Os alunos disseram que se recusavam "a sair da sala do director da FLUL até que haja alguma resposta concreta para nos ajudar a travar as alterações climáticas".

Durante a reunião, os alunos pediam que Miguel Tamen apoiasse a divulgação das reivindicações do movimento, que só terminará quando 1500 pessoas assinarem o compromisso de se juntarem a uma acção directa no terminal de gás natural — "que não é nada natural, é gás fóssil", repetem os alunos — do porto de Sines. "Apelamos a que ele nos ajude a arranjar de 300 compromissos de pessoas que viessem connosco", afirmava uma das estudantes, num vídeo gravado a partir do gabinete de Miguel Tamen.

Os estudantes acabaram por sair do gabinete de Miguel Tamen duas horas depois, com aplauso dos colegas. O director recusou-se a colaborar, descreve uma das estudantes presente na reunião, mas uma professora da FLUL acabou por se comprometer a ajudar os estudantes a angariar assinaturas entre a comunidade educativa. A docente Maria Sequeira Mendes garantiu mesmo que se juntaria à acção de 13 de Maio, no Porto de Sines.

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Acampamento na FLUL Maria Abranches

O compromisso agora é conseguir que 50 pessoas por dia, até ao final da semana, se comprometam a participar na acção. Os alunos contam agora, em princípio, com o apoio de pelo menos três docentes. Se o objectivo de 50 assinaturas não for atingido, os estudantes não abandonarão o edifício da faculdade - o que significa, perante a inflexibilidade do director, que será chamada a polícia para os expulsar. Caso o objectivo seja cumprido, os estudantes voltam a dormir nas tendas montadas no jardim ao lado da faculdade e regressam no dia seguinte para o átrio da FLUL. Na cidade universitária, os estudantes armaram acampamento desde 26 de Abril nas faculdades de Letras e de Psicologia.

Os estudantes da FLUL, que têm dormido em tendas no jardim ao lado do edifício com autorização da direcção da faculdade, relatam que, pela primeira vez em uma semana, a polícia abordou os estudantes para colocar questões. Por norma, os agentes fazem apenas a patrulha do bairro. Quatro agentes da PSP encontram-se agora dentro da faculdade, mas ainda permanecem à entrada.

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As exigências dos alunos Maria Abranches

Na terça-feira, cerca de uma dezena de escolas e faculdades em Lisboa, Porto e Coimbra iniciaram "ocupações" pelo clima, montando tendas nos recintos, organizando palestras e promovendo momentos de convívio para passar duas reivindicações principais: acabar com o investimento em combustíveis fósseis até 2030 e electricidade 100% renovável e a preços acessíveis a todas as famílias até 2025. Esta "Primavera das Ocupas" faz parte de um movimento internacional que junta escolas e universidades de vários países europeus, como Alemanha e Espanha.

António Arroio com aulas suspensas

A Escola Artística António Arroio, em Lisboa, voltou a acordar com os portões trancados. Às 8h30 desta quarta-feira, hora do início das aulas, a escola continuava fechada com correntes, os alunos concentrados numa "ilha" à frente da escola, os professores do outro lado da rua, à espera da decisão do director sobre suspender ou não as aulas.

Cerca das 8h50, o director da escola removeu as correntes e os funcionários entraram, mas dezenas de alunos na ocupação fizeram uma" corrente humana" a dificultar a entrada no edifício principal. Os professores continuam expectantes do lado de fora da escola.

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A escola António Arroio voltou a estar fechada Maria Abranches

A meio da manhã, depois de invadirem o pátio e impedirem a entrada no edifício principal, um grupo de alunos da António Arroio reuniu-se com o director da escola. Cerca das 11h30, do lado de fora da escola, apenas os cerca de 30 estudantes que organizaram a ocupação ainda aguardavam pelo resultado da reunião.

Em Portugal, a escola António Arroio foi a única que interrompeu as actividades lectivas devido aos protestos. No Liceu Camões, também em Lisboa, os alunos preferiram manter um calendário intenso de actividades (com a anuência da direcção e faltas justificadas), cumprindo o compromisso de uma ocupação que angariasse apoio do resto da sociedade para as suas reivindicações.

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Escola Secundária de Camões, Lisboa Maria Abranches

Na faculdade de Psicologia, algumas alunas irromperam por algumas aulas levando faixas e apelando aos colegas que se juntem à ocupação e participem nas palestras que estão a ser organizadas, sobre temas como a ligação do clima ao feminismo e ao anti-racismo.

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