Paulo Raimundo critica visão estratégica partilhada pelo PS, PSD, CDS, Chega e IL

O secretário-geral do PCP argumentou que a Constituição tem sido “atacada e mutilada” pela política do PS. Paulo Raimundo acusa socialistas de darem a mão a “projectos reaccionários”.

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Paulo Raimundo considera que a Constituição não precisa de revisão, mas sim de concretização LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, argumentou este domingo que "no que é estratégico", PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal "partilham das mesmas visões".

Paulo Raimundo falava no fim de um almoço comemorativo do 25 de Abril, em Loures, no distrito de Lisboa, no qual frisou a oposição do PCP à revisão constitucional em curso e acusou o PS de, nesta matéria, "dar a mão a projectos reaccionários".

Segundo o secretário-geral do PCP, "o projecto de Abril" foi interrompido por uma "política de direita, da alternância, da dança das cadeiras, de fingir diferenças e da ilusão, mas que no essencial é igual".

"No que é de fundo, no que é estratégico e naquilo que se coloca ao serviço dos grandes interesses do capital, PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal partilham das mesmas visões, e diferem, quanto muito, na velocidade e no ritmo da política que querem impor", afirmou Paulo Raimundo.

"Este é o grande problema e o desafio com que nos confrontamos", acrescentou.

Paulo Raimundo apontou a Constituição como um dos alvos da "política de direita" em Portugal, "levada a cabo por sucessivos governos, de PS e PSD, com ou sem o CDS. Um processo, esse sim, incompatível com a Revolução de Abril", argumentou.

Para o secretário-geral do PCP, o governo pratica "uma política que ataca e mutila a Constituição", que "não precisa de revisão, precisa, sim, de concretização", concluiu.

25 de Abril não é de quem quer "limpar imagem do fascismo"

Paulo Raimundo defendeu também que o 25 de Abril de 1974 "foi para todos", mas "não é de todos", sobretudo "daqueles que procuram limpar a imagem do fascismo" em Portugal. O líder comunista considera "fundamental saber e dar a conhecer o que foi o fascismo", porque "não falta quem o tente apagar, quem o tente adulterar e até adocicar, num intenso processo de reescrita da História".

Sem nomear ninguém, o secretário-geral do PCP afirmou que "alguns não se cansam de atacar e tentar condicionar" as comemorações populares da Revolução dos Cravos, "foi assim no passado e este ano não é excepção".

"Lidam mal com a democracia, lidam mal com um país soberano e com voz própria, lidam mal com quem defende a causa da paz, e acima de tudo, e esta é que é a grande questão, lidaram e lidam mal com a Revolução de Abril, com as suas conquistas e com os seus valores, lidam mal é com Abril, esse é que é o problema, esse é que é o grande problema", acrescentou.

Paulo Raimundo realçou que "Abril não foi uma qualquer evolução ou transição, como alguns gostariam que tivesse sido – Abril foi um levantamento militar seguido de um levantamento popular, um processo revolucionário e que revolucionou as estruturas sociais e económicas" de Portugal.

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