“Pedro Nuno Santos vai ser uma figura do futuro do PS”

Francisco Assis diz que “não há grandeza no ataque àqueles que estão enfraquecidos”, defende Pedro Nuno Santos e “não tem a mais pequena dúvida” de ele que tem futuro no PS.

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Francisco Assis respeita Pedro Nuno Santos porque "tem autonomia de pensamento" Ana Sá Lopes, Carlos Alberto Costa, Ana Zayara Coelho

Tem “as melhores relações” com Pedro Nuno Santos, apesar das divergências. No fundo, acha que são parecidos. “Precisamos de pessoas com autonomia de pensamento, que existem por si próprias e não são meras emanações de um líder momentâneo. E o Pedro Nuno é uma pessoa assim, como acho que também sou.” Admite que o ex-ministro está neste momento “enfraquecido” por causa da TAP, mas diz que não gosta de “necrologia política”, que é “um exercício arriscado” e até “cínico quando feito por políticos”. É o primeiro trecho de uma grande entrevista que Francisco Assis deu ao PÚBLICO.

Já depois do caso do despacho do aeroporto, em Julho de 2022, disse que Pedro Nuno Santos tinha condições para continuar a aspirar a liderar o PS. Depois do que se sabe sobre o caso TAP, as condições mantêm-se?
Nós ainda não sabemos tudo sobre o caso TAP. Há uma comissão parlamentar de inquérito a decorrer e Pedro Nuno Santos irá depor nessa comissão parlamentar. Isso é um dossier muito difícil, muito polémico, em que foram cometidos erros. Ele também cometeu erros. Mas o Pedro Nuno Santos não pode ser reduzido estritamente à forma como tratou esse dossier.

Há outra coisa que é importante dizer e estou à vontade porque fui um adversário dessa solução. O Pedro Nuno Santos foi um dos grandes símbolos da "geringonça"! Ele está completamente identificado com a primeira fase deste ciclo político, que foi apresentada ao país como uma coisa nova, extraordinária, fantástica. Era assim que era apresentada. E nessa altura o Pedro Nuno Santos não era uma pessoa que fosse afastada das fotografias. Estava no centro de todas as fotografias. Por isso, não gosto deste modelo em que as pessoas ora estão no centro das fotografias, ora são removidas das fotografias, consoante as conveniências de uns e de outros. Tenho uma alergia muito grande a esse tipo de comportamentos.

O Pedro Nuno Santos vai ser uma figura do futuro do PS, disso não tenho a mais pequena dúvida. Tem uma grande força interior, é um homem que tem ideias políticas – que não são as mesmas que eu tenho, como é sabido em muitos campos. Se quisermos falar de estar mais à esquerda ou mais à direita, ele seguramente está um pouco à minha esquerda, se quisermos usar essa terminologia. Tem mérito, tem qualidades. Nunca gostei de necrologia política. Em primeiro lugar, é um dos exercícios mais arriscados que pode haver. E feito por políticos é um dos exercícios mais cínicos. Eu não entro nesse tipo de questões.

Acho que Pedro Nuno Santos está neste momento um pouco enfraquecido, como não poderia deixar de ser... Mas há uma preocupação que tenho na minha vida política: não atacar as pessoas no momento em que elas estão enfraquecidas. Fui muitas vezes atacado. Não há grandeza no ataque àqueles que estão enfraquecidos. Ataco com muito mais facilidade as pessoas quando estão no poder, quando estão fortalecidas, quando estão no período áureo das suas vidas políticas.

Segundo o Observador, António Costa está furioso com Pedro Nuno Santos, nomeadamente por ter escolhido o secretário de Estado Hugo Mendes.
Não quero fazer nenhum comentário sobre esse processo. O processo ainda não acabou, é um processo complicado que está a desgastar fortemente a imagem das instituições políticas e que afectou seguramente a imagem do Governo. É desejável que o Governo ultrapasse este problema. Mas não vou fazer nenhuma consideração sobre questões a que sou completamente alheio. Eu é que desde 2014 estive sempre de fora. Tenho sido um observador atento, mas de fora deste processo político todo.

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