PE levanta imunidade a deputado grego para investigação de violação

Político do Syriza foi afastado do partido de esquerda e do seu grupo no Parlamento Europeu. Atraso na investigação e divulgação da identidade da vítima provocam questões.

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Alexis Georgoulis, eurodeputado do Syriza Olivier Hansen/Creative Commons

O partido de esquerda grego Syriza anunciou o afastamento imediato do eurodeputado Alexis Georgoulis na sequência do levantamento da sua imunidade parlamentar por uma acusação de violação, anunciada esta terça-feira pela presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

“Não há tolerância, não há encobrimento, independentemente de quão importante é a posição da pessoa”, disse o líder do Syriza, Alexis Tsipras, citado pelo site Euraktiv. O grupo da Esquerda no Parlamento Europeu, a que Georgoulis pertencia, também anunciou a expulsão do eurodeputado.

Numa publicação na rede social Facebook, uma antiga funcionária do Parlamento Europeu, que actualmente trabalha para a Comissão Europeia e que pertence ao Partido Socialista grego Pasok, identificou-se como a vítima de Georgoulis, dizendo que apresentou queixa em 2020 com os dados necessários, incluindo relatórios forenses, ainda segundo o Euraktiv.

Quando houve relatos sobre potenciais problemas de abusos no partido, Georgoulis foi ouvido por responsáveis do partido e negou tudo.

O caso é ainda marcado pela revelação do nome da vítima. No Facebook, a antiga funcionária do PE sugere que esta pode ter sido intencional, lamentando que a sua privacidade tenha sido quebrada já que tinha mantido o caso em segredo “até da própria família”. O Pasok sugere que esta possa ter sido feita intencionalmente pelo Syriza. No entanto, o Euraktiv nota que a revelação foi primeiro feita em jornais pró-governo, do partido de direita Nova Democracia.

O Euraktiv tenta perceber ainda porque demorou tanto tempo desde a denúncia até ao levantamento da imunidade parlamentar do deputado, contactando especialistas em Direito. A investigação pode ter sido logo iniciada, mas só agora haver indícios suficientes para permitir o pedido de levantamento de imunidade.

Com cerca de um mês para as eleições na Grécia, a questão entrou já na campanha como um “terramoto político”, diz o Euraktiv, com a Nova Democracia a questionar o que sabia o Syriza.

As sondagens actuais mostram o partido do Governo à frente, com 29%, o que não seria suficiente para governar sozinho, seguido do Syriza com 24% e do Pasok (9%).

O caso vem complicar uma expectativa de que o Pasok aceitasse uma coligação com o Syriza. O partido vinha a manter as suas intenções secretas, mas havia uma especulação sobre esta possibilidade, até por causa dos problemas entre Pasok e Nova Democracia – além da rivalidade histórica, a relação desceu a um ponto baixo com a revelação das escutas pelos serviços secretos ao líder do partido Nikos Androulakis.

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