Anacom aplica coima de 2,5 milhões à Meo por violar regras sobre fim dos contratos

Segundo a entidade reguladora liderada por Cadete de Matos, “está em causa a não aceitação de pedidos de denúncia contratual apresentados em loja”, entre outras práticas.

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Altice é a dona da marca Meo Andreia Carvalho

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anbacom) aplicou uma coima de 2,5 milhões de euros à Meo, Altice Portugal, por "violação das regras aplicáveis à cessação dos contratos", anunciou hoje a entidade liderada por João Cadete de Matos.

"A Anacom decidiu aplicar à Meo uma coima no valor de 2,460 milhões de euros, por violações das regras aplicáveis à cessação dos contratos por iniciativa dos assinantes, previstas na decisão desta autoridade relativa aos 'procedimentos exigíveis para a cessação de contratos, por iniciativa dos assinantes, relativos à oferta de redes públicas ou serviços de comunicações electrónicas acessíveis ao público, de 09.03.2012'", refere a entidade, em comunicado.

Numa declaração enviada ao PÚBLICO, a Altice, dona da Meo, confirmou ter sido notificada da decisão da entidade reguladora "de aplicação de uma coima única de € 2.460.000,00 relativa à prática de contra-ordenações", ocorridas em 2015 e 2016. "Discorda a Meo totalmente das imputações que lhe são efectivadas pela Anacom" e "irá impugnar judicialmente a presente decisão", afirma a empresa presidida por Ana Figueiredo.

De acordo com a entidade reguladora, "está em causa, sobretudo, a não aceitação de pedidos de denúncia contratual apresentados em loja e a sujeição da apresentação de pedidos de cessação contratual à prévia recepção de uma chamada proveniente da linha de retenção, sem a qual os clientes não podiam apresentar os respectivos pedidos ou o procedimento já iniciado não poderia prosseguir".

Além disso, "foram também verificadas situações em que a Meo não disponibilizou aos assinantes o formulário de denúncia que está obrigada a ceder sempre que lhe seja solicitado, e outras em que a empresa não solicitou aos clientes documentos que eram necessários à confirmação da denúncia dos respectivos contratos ou solicitou documentos que não eram necessários porque já os tinha em seu poder", aponta a Anacom.

A Autoridade Nacional de Comunicações refere ainda que se constatou que a Meo "não confirmou várias denúncias dos contratos apresentadas pelos clientes e prestou informações incompletas sobre os meios e contactos disponíveis para a apresentação dos pedidos de cessação – que podem, pelo menos, ser apresentados em loja, por carta, por correio electrónico, por telecópia e por telefone".

De acordo com a entidade, "com tais condutas, a Meo teve como objectivo colocar entraves injustificados e não permitidos nos procedimentos de cessação dos contratos por iniciativa dos assinantes, de modo a dificultar, atrasar ou até a levar à desistência de processos de alteração de prestador de serviços, obstando, dessa forma, ao desenvolvimento da concorrência no mercado das comunicações electrónicas".

A Anacom salienta que as regras instituídas pela Anacom em Março de 2012 tinham como objectivo, por um lado, "promover a concorrência e a liberdade de escolha dos utilizadores finais relativamente aos operadores que contratam e, por outro lado, facilitar o exercício do direito dos assinantes à cessação dos contratos e consequente mudança de operador".

As regras proíbem a criação de condições de cessação dos contratos que sejam desproporcionadas e de procedimentos que sejam excessivamente onerosos e desincentivadores da mobilidade dos assinantes, assegurando a possibilidade de os utilizadores finais escolherem o operador que mais lhes convém, podendo, assim, beneficiar de ofertas mais atractivas num mercado verdadeiramente concorrencial, prossegue e Anacom.

"Os comportamentos adoptados pela empresa são especialmente gravosos, por resultarem no incumprimento de uma ordem legítima da Anacom, que lhe foi regularmente comunicada, colocando em causa a própria regulação do mercado em que opera", salienta, recordando que as questões relacionadas com o fim do contrato por iniciativa dos clientes são um dos temas mais reclamados no sector.

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