Ensino privado reclama igualdade nos apoios do Estado aos alunos

Associações do sector unidas para que os alunos do ensino privado deixem de ser “tratados como cidadãos de segunda categoria”.

Foto
Cerca de 20% dos alunos estudam em escolas particulares Anna Costa

As associações representativas das instituições de ensino privado juntaram-se para reclamar igualdade na atribuição de apoios públicos aos alunos, defendendo o direito à escolha das famílias. A posição foi assumida num memorando de entendimento para "aprofundar e reforçar direitos e liberdades", assinado entre a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), Associação Nacional de Escolas Profissionais, Associação Portuguesa de Escolas Católicas e Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado.

De acordo com o director executivo da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo, é a primeira vez que se juntam as quatro associações, representativas das instituições de ensino privado, do pré-escolar ao superior, e uma das prioridades partilhadas é agir contra aquilo que consideram ser uma discriminação, por parte do Estado, dos alunos do sector privado.

"Na actualidade, continuam a ser tratados como cidadãos de segunda categoria por causa da sua opção", começou por dizer Rodrigo Queiroz e Melo, em declarações à Lusa, acrescentando que "não faz sentido a discriminação que existe entre alunos pelo facto de estarem no ensino particular e cooperativo".

O dirigente da AEEP deu como exemplos a política de gratuitidade dos manuais escolares, a distribuição de computadores e a acção social escolar, medidas que se destinam apenas aos alunos do ensino público.

Mas por que motivo deveria o Estado assegurar estes apoios aos estudantes do sector privado, quando existe escola pública? Rodrigo Queiroz e Melo responde que, por um lado, as famílias têm direito a optar pelo ensino privado, não podendo ser excluídas de medidas sociais com base nessa escolha.

Estado "poupa" com colégios

Por outro lado, sublinhou que, actualmente, cerca de 20% dos alunos estudam em instituições de ensino privadas e que, se encerrassem, não haveria espaço para todos na escola pública.

"Não cabem todos nas folgas do sector público, porque não há escolas sem alunos", afirmou, argumentando que o custo para o Estado decorrente do encerramento dos colégios e universidades privadas seria bastante superior e que, desta forma, o sector privado "está a poupar muito dinheiro aos contribuintes".

Para as associações, trata-se de uma questão de justiça para com as famílias, "duplamente tributadas, porque pagam impostos e pagam a mensalidade" das escolas.

"É tempo de o sector, em conjunto, procurar alterar o status quo com vista a um reconhecimento pleno da liberdade de educação em termos regulamentares e do direito de todos os alunos portugueses serem tratados em paridade no que se refere aos apoios do Estado à educação e formação", sublinham as associações em comunicado.

Nesse sentido, comprometem-se a promover um estudo sobre a contribuição do ensino e formação não estatais para o PIB e para a poupança do Estado em educação e formação, e a apresentar propostas com vista a aumentar a dedução à colecta de despesas com anuidades e propinas em sede de IRS.

De acordo com Rodrigo Queiroz e Melo, no âmbito do memorando de entendimento assinado, as quatro associações vão também unir esforços para melhorar a qualidade de ensino e aprofundar a colaboração entre os diferentes níveis de ensino.

Sugerir correcção
Comentar