Médicos apontam falta de recursos humanos e de condições de trabalho

Inquérito da Federação Nacional dos Médicos procurou identificar problemas sentido pelos clínicos. Sindicato reúne-se sexta-feira com Ministério da Saúde para mais uma ronda negocial.

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Inquérito foi feito pela Federação Nacional dos Médicos Manuel Roberto

A falta de recursos humanos, a acumulação de várias funções em simultâneo e falta de condições de segurança e de dignidade para os utentes são os principais problemas apontados pelos médicos que responderam a um inquérito feito pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam). Esta sexta-feira, o sindicato volta a reunir-se com o Ministério da Saúde para mais uma ronda negocial e espera que essa reunião marque o início da discussão da grelha salarial.

O inquérito, que esteve disponível no site do sindicato, procurava apurar o que sentiam os médicos no terreno. Por um lado, se os clínicos consideravam estar a trabalhar em equipas completas e, por outro, que problemas identificavam a partir de uma lista, mas que podiam especificar se quisessem. Segundo o resumo do inquérito, a que o PÚBLICO teve acesso, foram obtidas 340 respostas, entre Junho e Dezembro do ano passado, sendo que 52% dos médicos são de áreas hospitalares 46% de medicina geral e familiar e 2% de saúde pública. Quanto a distribuição geográfica, 29% estão na região Norte, 13% no Centro, 54% no Sul e 3% nas ilhas.

“Perguntámos aos médicos quantos clínicos trabalham nas suas unidades e serviços e quantos acham que deveriam ter para ser uma equipa completa. Dessa diferença, fizemos um cálculo que apontou para um défice médio de três”, disse ao PÚBLICO a presidente da Fnam, que refere que dos 340 médicos que responderam ao inquérito, apenas dois trabalham no privado. Joana Bordalo e Sá acrescentou que, da média de respostas, "algumas especialidades reflectiram maior carência de médicos nas equipas [ou serviços], igual ou superior a 50%". Refere ortopedia, cirurgia geral, medicina interna, pediatria, anestesiologia, oncologia e ginecologia.

“Esta é a sensação dos médicos do que consideram que faltam nas suas equipas”, salienta a responsável, que reconhece duas limitações no inquérito: foi feito apenas aos associados e a amostra é pequena comparando com o universo de clínicos que trabalha no SNS. “Mas embora a amostra seja pequena, reflecte uma realidade e a principal é que faltam recursos humanos”, aponta Joana Bordalo e Sá, referindo-se também aos problemas apontados pelos médicos.

Dos 63 médicos que fizeram reporte de problemas, 78% apontaram falta de recursos humanos, 62% acumulação de várias funções em simultâneo, 59% falta de condições de segurança, 59% falta de dignidade para os utentes, 59% falta de equipamentos, 43% falta de períodos de descanso e 38% violência dirigida a médicos.

“A nossa ideia é enviar os resultados ao Ministério da Saúde e pedir acção. Têm de ser tomadas medidas para contrariar esta situação. O Ministério da Saúde deveria promover este tipo de inquéritos junto de todos os profissionais de saúde e tomar medidas urgentes” de acordo com os resultados, considera a presidente da Fnam.

“O que faltam são sobretudo médicos nas equipas e quanto a isso o Ministério da Saúde sabe o que é preciso fazer. É preciso rever a grelha salarial”, diz Joana Bordalo e Sá, que espera que isso aconteça na próxima sexta-feira, na reunião negocial que têm com o Ministério da Saúde. “A próxima reunião tem de marcar o início da discussão da grelha salarial. É a única forma para se resolver a falta de pessoal.”

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