Antigo soldado australiano acusado de crime de guerra no Afeganistão

Olivier Schulz é o primeiro militar australiano a ser acusado de cometer um crime de guerra. Autoridades dizem estar a investigar “entre 40 e 50” situações suspeitas.

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GORAN TOMASEVIC/Reuters

Um antigo soldado das Forças Armadas da Austrália foi acusado de ter cometido um crime guerra no Afeganistão, em 2012. É a primeira vez que um miliar australiano, na reserva ou no activo, é formalmente acusado de um tal crime.

Olivier Schulz, hoje com 41 anos, foi detido na segunda-feira no estado de Nova Gales do Sul e presente a tribunal, onde lhe foi imputado um crime de homicídio em cenário de guerra. Está detido e enfrenta uma pena que pode chegar à prisão perpétua.

Schulz, que foi condecorado pelo serviço militar prestado no Afeganistão, é suspeito de ter abatido um homem afegão num campo de tiro. O seu nome já tinha sido referido, em 2020, numa investigação jornalística da televisão ABC a alegados crimes de guerra, refere o jornal The Sidney Morning Herald. Depois da exibição desse programa, Schulz foi dispensado das Forças Armadas.

Também nesse ano, o major-general Paul Brereton, à data inspector-geral das Forças de Defesa Australiana, apresentou um relatório sobre alegados crimes de guerra cometidos pelos soldados no Afeganistão. O documento afirma que há “provas credíveis” de que soldados das forças especiais australianas mataram 39 pessoas ilegalmente – ou seja, à margem do estabelecido na Convenção de Genebra sobre os comportamentos admitidos durante um conflito armado.

Brereton recomendou à polícia que investigasse 19 pessoas suspeitas de estarem envolvidas na morte de “prisioneiros, agricultores e civis” em 23 situações ocorridas entre 2009 e 2013.

Foi então criado um gabinete de investigação especial que, neste momento, e de acordo com o seu director Chris Moraitis, está a analisar “entre 40 e 50” alegados crimes. A Polícia Federal informou que estão a ser investigadas situações ocorridas entre 2005 e 2016.

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