Mondego: defesa de militares alega “indícios de prova apagados” pela Marinha

Advogados de marinheiros que recusaram cumprir missão a bordo do Mondego acusam a Marinha de estar a encobrir a verdade sobre o caso.

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O chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, no NRP Mondego LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Os advogados dos 13 militares do navio Mondego que serão ouvidos esta segunda-feira pela Polícia Judiciária Militar, em Lisboa, alegam que "há indícios de prova que foram apagados" pela Marinha e vão pedir diligências de prova.

Fonte ligada à defesa adiantou à agência Lusa que "há indícios de prova que estão a ser apagados" e que o navio Mondego "foi todo limpo" na quarta-feira, antes da ida ao local de duas televisões. Um avião carregado de material terá voado até ao Funchal para permitir reparações no navio, acrescentou.

A fonte referiu que a Marinha Portuguesa sustenta que o navio Mondego estava em "condições de partir" para o mar e que isso é "comprovado por uma inspecção". Só que a dita inspecção foi feita pela Marinha, sem a presença de quaisquer outras entidades, e com base nisso se "começaram a fazer reparações a bordo do navio", disse.

A fonte assegurou que na segunda-feira, altura em que os 13 militares serão ouvidos na Polícia Judiciária Militar (PJM), no âmbito de inquérito criminal, os advogados de defesa "vão pedir diligências de prova", esperando que estas "não sejam inviabilizadas" por forma a apurar a descoberta da verdade.

Os 13 militares que se recusaram a embarcar no navio Mondego no passado dia 11, alegando falta de segurança da embarcação, serão ouvidos em dois períodos, de manhã (10h) e de tarde (14h). São defendidos pelos advogados Paulo Graça e Garcia Pereira.

Na passada quinta-feira, Paulo Graça, em declarações à Lusa, considerou inquietantes as declarações do chefe do Estado-Maior da Armada e criticou o "julgamento na praça pública" que tem sido feito pela Marinha. Isto porque, justificou, Gouveia e Melo "exprimiu um juízo" sobre os factos que terão sido praticados, tendo "esse juízo sido exprimido sem que antes os visados tivessem oportunidade de dizer da sua justiça ou de se defenderem".

Alegou então que a "Marinha estava há cinco dias a fazer passar uma determinada versão dos factos, sem que ninguém tenha ouvido os interessados e o que eles (os 13 militares) têm a dizer relativamente a esta situação".

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