E quando o pai não é o pai?

Domingo, 19 de março, comemora-se o Dia do Pai. Porém, nem todas as crianças, por uma ou outra razão, celebram a data com o seu progenitor.

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@PETERCALHEIROS

Domingo, 19 de março, comemora-se o Dia do Pai. Porém, nem todas as crianças celebram a data com o seu progenitor: algumas porque foram abandonadas por este; outras cujos pais morreram ou vivem geograficamente longe; e ainda outras, porque a sua constituição familiar é diferente.

Tradicionalmente, esta é uma data que pretende destacar a importância do pai enquanto figura masculina para a criança e a família. No entanto, precisamos atender que há uma franja de crianças que vive numa realidade familiar diferente, porém, não necessariamente pior.

O conceito de família tem evoluído e a nossa sociedade já abraça diferentes constituições familiares, além da tradicional "homem, mulher e filhos". Por exemplo, há famílias onde há um homem que não é o progenitor da criança. Ou onde há duas mulheres ou dois homens, sem que isso se constitua um problema.

As crianças podem facilmente compreender que as famílias não são todas iguais e não há mal nenhum nisso, porque a família deve significar afeto, cuidado, segurança e respeito, e isto pode ser assegurado em qualquer constituição familiar.

Ser pai não é só gerar a vida, é muito mais. É estar presente na vida de uma criança e acompanhar o seu crescimento como um privilégio que pode ser vivido independentemente dos laços de sangue. Quando o adulto contribui para o desenvolvimento integral da criança, assegurando-se de que ela se sente amada e incluída na família e na sociedade, está a cuidar do seu bem-estar, e isso deve ser reconhecido.

Mas nem todos os progenitores são presenças saudáveis para a criança, e há outras pessoas que podem ocupar o papel de figuras de referência, marcando o trajeto desenvolvimental da criança de forma positiva, como os tios, padrinhos, padrastos, avôs. Há pais que não aparecem sempre, só quando convém, que desaparecem sem dizer nada à criança ou que a deixam à espera indefinidamente e a sentir-se culpada porque acredita que fez algo de errado.

Ser pai é brincar, rir, passear, cuidar, preocupar, proteger, conversar, ler histórias, levar ao médico, à escola, emocionar-se quando a criança diz “papá”, ensinar, abraçar e, com a sua presença e afeto, deixar boas lembranças guardadas no coração da criança.

Como ajudar a criança perante situações delicadas?

Informar o infantário/a escola

É importante que os educadores e os professores tenham conhecimento da situação e possam estar atentos à sensibilidade e comportamentos da criança nestas datas festivas, de modo a adequar as atividades e o discurso na sala.

Abordar a ausência com a criança

No caso da ausência por abandono ou morte, quem cuida das crianças encontra-se numa situação delicada: ter de lidar com o lado emocional dos pequenos, sobretudo, quando o infantário ou a escola preparam uma festa e, durante algumas semanas, o tema é abordado diariamente. Não é possível, nem desejável, esconder isso da criança porque ela vai perceber.

Uma conversa aberta e sensata sobre as novas formas de família e sobre a ausência do pai biológico, neste dia, deverá mostrar à criança que ela é amada por muitas pessoas e que a celebração poderá acontecer com outra pessoa que ela escolha. Da mesma forma, a prenda e a presença na festa da escola pode acontecer com o avô ou o padrinho, por exemplo.

No caso de morte do pai, a criança pode, em conjunto com a mãe, fazer um desenho ou escrever uma mensagem para o pai. O desenho e as cartas/mensagens são usadas como uma poderosa ferramenta de construção de significados para as crianças.

Importa clarificar que, quando o pai está ausente por vontade própria, a conversa não deve incluir críticas ou lamúrias que acabam por colocar os sentimentos da criança em segundo plano.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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