Reino Unido vai proibir TikTok em dispositivos do Governo

Londres cita possíveis ameaças à segurança nacional e a dados sensíveis de membros e funcionários do executivo.

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TikTok nega partilhar dados de utilizadores com Governo de Pequim EPA/ANDY RAIN

O Reino Unido vai passar a integrar a crescente lista de países que baniram o TikTok dos telemóveis utilizados por membros e funcionários do Governo, como os Estados Unidos, Canadá, Bélgica ou Países Baixos.

A medida anunciada por Oliver Dowden, chanceler do ducado de Lancaster (que detém uma função equivalente à de ministro da Presidência do Conselho de Ministros), foi motivada por preocupações quanto a possíveis ameaças à segurança dos dados dos governantes, potencialmente recolhidos pela aplicação chinesa. Trata-se de uma boa "higiene" digital, explicou.

A decisão foi tomada na sequência de uma análise de segurança, pedida pelo gabinete do primeiro-ministro Rishi Sunak, às vulnerabilidades a que os dados do Governo estavam expostos em dispositivos com redes sociais instaladas.

"Atendendo à natureza potencialmente sensível da informação guardada nos dispositivos do Governo, a política estatal sobre a gestão de aplicações de terceiros será reforçada e está a ser aplicada a proibição preventiva do TikTok em dispositivos do Governo", lê-se num comunicado divulgado pelas autoridades britânicas.

Quando é instalado, o TikTok pede aos utilizadores que autorizem a app a aceder aos dados armazenados no dispositivo, que depois são recolhidos e guardados pela empresa — neste caso, a ByteDance, ​gigante tecnológica chinesa que detém o TikTok. Tais informações podem incluir, por exemplo, contactos telefónicos ou dados de geolocalização.

"Restringir o uso do TikTok em dispositivos do Governo é um passo prudente e proporcional, seguindo o parecer dos nossos peritos em cibersegurança", reforçou esta quinta-feira Oliver Dowden.

Face às acusações de que estaria a auxiliar a espionagem chinesa, o TikTok já negou por várias vezes a partilha de dados dos seus utilizadores com as autoridades de Pequim. A empresa, que considera o seu produto um serviço de entretenimento e não uma rede social, tem reiterado ter uma gestão independente do regime chinês, diz-se vítima de um conflito geopolítico que a ultrapassa e queixa-se de um escrutínio excessivo quando comparado com aquele a que outras plataformas digitais são sujeitas.

No final de Fevereiro, e referindo-se à lei aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em Dezembro passado que proíbe o TikTok nos aparelhos do Governo, a porta-voz da empresa nos EUA, Brooke Oberwetter, afirmou que a legislação foi alterada "sem qualquer ponderação" e lamentou que, "infelizmente", essa abordagem tenha servido de "modelo para outros Governos". "Essas proibições são pouco mais do que um teatro político", considerou.

Depois dos Estados Unidos, a Comissão Europeia tinha já também interditado o TikTok aos seus funcionários, alegando a necessidade de "protecção" da instituição.

Os norte-americanos são a maior audiência do TikTok, mas, em todo o mundo, estima-se que a app tenha mais de 1,5 mil milhões de utilizadores. Só no Reino Unido são mais de 23 milhões os utilizadores activos por mês daquela plataforma.

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