Peso da população residente em Lisboa e Porto é superior ao dos alojamentos familiares

Sintra e Gaia são os municípios que registam “menor adequação da disponibilidade potencial de oferta de habitação à população residente”. Em 2021, 12,1% dos alojamentos familiares estavam vagos.

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Maioria dos alojamentos familiares localiza-se no Norte do país Adriano Miranda / Publico

Estamos mais concentrados no litoral do país e em zonas urbanas, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Apesar disso, na generalidade dos municípios de ambas, o peso da população residente era, em 2021, superior ao número de alojamentos familiares clássicos, de acordo com os dados dos Censos 2021.

O estudo O que nos dizem os Censos 2021 sobre dinâmicas territoriais foi apresentando nesta quarta-feira no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, e dá conta de que houve um reforço da litoralização nas últimas duas décadas. Por oposição, o interior do país está menos preenchido, com 56% do território em situação de desocupação.

"Na generalidade dos municípios das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, o peso da população residente era superior ao dos alojamentos familiares clássicos", lê-se no relatório. Na Área Metropolitana de Lisboa, por exemplo, vive 27,8% da população do país, mas concentra-se nesta região apenas 25,1% dos alojamentos familiares.

Destacam-se Sintra e Vila Nova de Gaia, "com as maiores diferenças entre estas duas proporções", o que sugere “uma menor adequação da disponibilidade potencial de oferta de habitação à população residente”.

O relatório refere também que nas áreas metropolitanas são excepção os municípios de Lisboa e Sesimbra, "onde o peso da população residente era inferior ao dos alojamentos familiares clássicos”.

Entende-se por alojamento familiar clássico um alojamento que “se destina a alojar apenas uma família/agregado doméstico”, “constituído por uma divisão ou conjunto de divisões (…) num edifício de carácter permanente (…)”. Em Portugal existiam 5.970.677 alojamentos deste tipo em 2021, “distribuídos desigualmente pelas várias regiões”.

O relatório refere também os edifícios clássicos, ou seja, “edifícios cuja estrutura e materiais empregues têm um carácter não precário”. Existem cerca de 3,5 milhões desses no país.

É no Norte que se localiza a maioria dos alojamentos (31,7%) e de edifícios deste tipo (34,4%), seguindo-se o Centro, com 24,6% e 31,3%, respectivamente. Já a Área Metropolitana de Lisboa destacava-se por “ser a única região onde o peso dos edifícios clássicos (12,7%) era inferior a cerca de metade do registado pelos alojamentos familiares clássicos (25,1%), indicando um predomínio da construção em altura”.

Em 2021, em Portugal, 12,1% dos alojamentos familiares clássicos estavam vagos. Feitas as contas, isso corresponde a pouco mais de 722 mil alojamentos. São as regiões do Alentejo e a Autónoma da Madeira as que mais alojamentos vagos deste tipo registavam.

Quanto às condições, 1,4% dos alojamentos familiares clássicos de residência habitual “inseriam-se em edifícios clássicos com necessidades de reparação profundas”.

População concentrada no litoral

No que respeita às dinâmicas territoriais, observa-se um fenómeno de litoralização, ou seja, a população concentra-se mais nas zonas costeiras. O desequilíbrio na distribuição populacional pauta-se por uma concentração numa faixa compreendida entre Viana do Castelo e Setúbal e na faixa litoral algarvia.

Conforme Francisco Vala, do gabinete para a coordenação das estatísticas territoriais do INE, explicou durante a apresentação, “o território interior está largamente despovoado, sendo que no Alentejo há vastas áreas despovoadas”. Se no território total a percentagem de áreas despovoadas é de 56%, no Alentejo esse valor sobe para os 76% a nível regional.

Com uma “grande disparidade na forma de ocupação do território”, disse ainda o investigador, são o interior do continente e a faixa litoral do Alentejo as regiões que apresentavam densidades populacionais mais reduzidas.

Em 2021, a população residente em Portugal era de 10.343.066 habitantes, um decréscimo, como já tinha sido divulgado, de 2,07%, percentagem que corresponde a menos cerca de 219 mil pessoas.

Os cinco municípios com maiores densidades populacionais em 2021 eram a Amadora, seguida por Porto, Odivelas, Lisboa e Oeiras.

Dos 308 municípios portugueses, apenas 50 viram a população crescer em dez anos, os quais são maioritariamente localizados na Área Metropolitana de Lisboa (14 num total de 18 municípios) e no Algarve (11 em 16). Com aumentos populacionais superiores a 5% destacam-se Mafra, Palmela, Alcochete, Montijo, Sesimbra e Seixal.

No lado oposto, Barrancos, Tabuaço, Torre de Moncorvo e Nisa foram os municípios que mais reduziram a população. Importa referir que também Lisboa e Porto registaram decréscimos populacionais: de -1,25% e -2,44%, respectivamente.

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