Governo israelita recusou visita oficial de Borrell

Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita terá negado vários pedidos do alto representante da diplomacia da UE por causa das suas recentes declarações sobre o conflito israelo-palestiniano.

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Encontro em Bruxelas, em Outubro passado, entre o então ministro dos Serviços Secretos israelita, Elazar Stern, e Josep Borrell YVES HERMAN/Reuters

O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, não é bem-vindo a Israel e isso mesmo foi-lhe transmitido quando o gabinete sondou o Governo de Benjamin Netanyahu sobre a possibilidade de uma visita oficial. A notícia é avançada pela agência EFE que cita fontes oficiais israelitas.

O diário israelita Haaretz vai mais longe e refere que foram várias as petições de Borrell para visitar oficialmente Israel e os territórios palestinianos, mas a posição foi sempre a mesma: não. Segundo o jornal, o Ministério dos Negócios estrangeiros israelita considera que “não há motivo para recompensar a sua conduta”.

Refere a EFE que, face ao intento do gabinete do representante da diplomacia europeia de concertar a melhor data para a viagem, a resposta do executivo israelita foi taxativa: Borrell “não será convidado para uma visita oficial”. No entanto, se quiser fazer uma visita a nível pessoal, não haverá qualquer impedimento por parte das autoridades israelitas, acrescenta a agência de notícias espanhola.

A tensão entre Israel e Bruxelas tem vindo a aumentar porque o Governo de Benjamin Netanyahu considera que o posicionamento da UE não tem sido equilibrado e que tende a ser pró-palestiniano.

Na terça-feira, durante um debate sobre “Deterioração da democracia em Israel e as consequências nos territórios ocupados” no Parlamento Europeu, Borrell afirmou que os eurodeputados são livres para discutir aquilo que consideram “importante” e que ainda nessa manhã tinha falado com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, que lhe havia referido a posição desequilibrada de Bruxelas na apreciação do que se passa em Israel e nos territórios ocupados.

Cohen pediu aos europeus que tenham em atenção “a complexa situação de segurança em que se encontra em Israel” nas suas opiniões sobre o conflito israelo-palestiniano.

“Estava preocupado e perguntava, mais uma vez, por que razão o Parlamento Europeu interfere nos assuntos internos de Israel e culpou-me a mim”, descreveu Borrell aos eurodeputados.

O representante da diplomacia dos 27, acrescentou que tentou explicar ao ministro israelita, de “maneira muito amistosa”, que é “normal que os deputados estejam preocupados com a crescente espiral de violência em Israel e nos territórios palestinianos ocupados” e falem da “necessidade de todas as partes reduzirem a tensão da situação”.

Cohen também fez saber, através de um comunicado, do teor da conversa com Borrell, dizendo que as posições da UE em relação ao conflito israelo-palestiniano não são equilibradas e apenas contribuem para incrementar a violência.

Na semana passada, em nome dos 27, Borrell tinha pedido aos líderes de ambos os lados que contribuíssem para diminuir a tensão, esta terça-feira referiu que a situação está a piorar, mas que é preciso trabalhar para "dar segurança a Israel, liberdade aos palestinianos e paz e estabilidade a toda a região”.

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