Rui Moreira acusou Festival Mimo de “incumprimento”. Organização pondera processar autarquia

Presidente da Câmara do Porto anunciou que o Porto não irá acolher o Festival Mimo este ano. Organização ficou “estupefacta” com as declarações “extemporâneas” e nega incidentes na edição de 2022

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Mimo esteve no Porto entre 23 e 25 de Setembro de 2022 Paulo Pimenta

A organização do Festival Mimo declara-se “estupefacta” com as “acusações gravíssimas” e “extemporâneas” do presidente da Câmara do Porto. Esta segunda-feira, no final de uma reunião pública, e respondendo a uma moradora do centro da cidade que se queixou sobre o impacto do Festival Mimo, o autarca anunciou que a autarquia não iria, este ano, acolher esse evento. E deixou duras críticas: “Nós não vamos organizar mais o Mimo, exactamente porque os organizadores do festival incumpriram com aquilo que eram as normas que estavam previamente estabelecidas”, declarou.

A organização do festival reagiu esta terça-feira, em comunicado. Por ter atentado “de forma inaceitável e injusta contra a imagem do festival”, a organização pondera mesmo accionar as “diligências judiciais” necessárias para ressarcir os danos, “reputacionais e económicos”, daí decorridos.

A decisão da autarquia estaria há muito tomada. Ao PÚBLICO, fonte do gabinete de Rui Moreira garantiu que isso mesmo já teria sido comunicado pela empresa municipal Ágora à organizadora do festival, Lu Araújo. Uma versão que é desmentida pela outra parte.

A edição de 2022 do Festival Mimo, que decorreu entre 23 e 25 de Setembro no centro histórico da cidade, não terá corrido como a autarquia desejava. Entre vários incidentes, um deu nas vistas: no sábado, continua a mesma fonte, a actuação de um DJ no Largo Amor de Perdição terá furado o horário acordado, com necessidade de intervenção da PSP. “É representativo da tábua rasa que a organização fez perante as recomendações da Ágora.”

A organização tem uma versão completamente diferente. O festival “aconteceu de forma absolutamente extraordinária em todas as suas dimensões, tendo superado as expectativas”, escrevem em comunicado. E da autarquia, reclamam, não receberam em nenhum momento indicação em contrário: “Nem nessa altura, nem depois, foi reportado à organização qualquer problema relativo à realização do festival.”

Na reacção enviada às redacções, é negada a existência de problemas durante o evento gratuito que, dizem, juntou 150 mil pessoas nas ruas da cidade. Não houve qualquer “registo de ocorrência policial” ou de outro tipo “minimamente susceptível de colocar o festival em risco”.

A Câmara do Porto não tem nenhum outro festival na calha para substituir o Mimo. Mas adiantou ao PÚBLICO que pretende investir um valor semelhante ao que destinaria ao festival noutros eventos culturais da cidade. Já os responsáveis pelo evento, que depois das quatro anos se mudou de Amarante para o Porto, ficam sem saber onde se realizará a edição deste ano.

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