Bolieiro admite “desgaste” mas promete motivação pela estabilidade nos Açores

Presidente do governo regional garante que será sempre factor de estabilidade, mas admite que futuro do executivo não depende de si, uma vez que só tem o apoio de 27 deputados e precisa de 29.

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A coligação PSD/CDS/PPM perdeu o apoio do deputado da IL e do independente ex-Chega e, com isso, também a maioria absoluta no Parlamento regional. Anna Costa

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, reconheceu nesta segunda-feira que a crise política "desgasta" a imagem do executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas prometeu "mais motivação" para "reconstruir" a estabilidade política na região.

"Que desgasta, desgasta. Mas estamos aqui para confrontar o desgaste com mais motivação e mais capacidade. É assim que a açorianidade se expressa, designadamente na relação com a natureza. A natureza destrói, nós reconstruímos. Depois há quem queira promover o desgaste e nós, eu, reconstruo", afirmou.

Na quarta-feira, o deputado único da Iniciativa Liberal (IL) no parlamento açoriano, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de suporte ao Governo Regional dos Açores, chefiado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, e, uma hora depois, o independente Carlos Furtado, ex-Chega, seguiu-lhe o exemplo.

Nesta segunda-feira, em declarações aos jornalistas na sede da presidência, em Ponta Delgada, após uma reunião com o conselho regional da Ordem dos Médicos, Bolieiro definiu-se como o "factor de estabilidade" e afirmou que tem "procurado" que a instabilidade política "não afecte a essência da aplicação prática das políticas".

"As nossas políticas públicas estão a ser executadas, aliás, em tempo recorde, perante um contexto tão difícil. Não só meramente político, que é, provavelmente, o menos gravoso. O mais gravoso foi o período pandémico, inflacionista, de guerra e de escassez de recursos", advogou.

Questionado sobre se acredita que a actual solução política açoriana vai manter-se em funções até ao próximo orçamento da região (que deverá ser votado em Novembro), o chefe do Governo dos Açores afirmou que "cada um responde por si". "Não dependendo de mim, não posso senão manifestar a minha confiança e o meu fazer para que as coisas resultem bem. Cada um assumirá a sua responsabilidade. Os factores da instabilidade serão factores de instabilidade. Os factores de estabilidade sou eu que assumo a responsabilidade", reforçou.

Bolieiro rejeitou ainda comentar as críticas do anterior secretário das Finanças do actual Governo Regional, Joaquim Basto e Silva, que, num artigo de opinião publicado no jornal Açoriano Oriental, considerou que a actual solução governativa é instável devido às ingerências em diferentes áreas. "O presidente do governo sou eu e sou que eu quem gere e conhece a realidade", realçou.

Na sexta-feira, Nuno Barata, IL, e o independente Carlos Furtado admitiram negociar "ponto a ponto" com o Governo dos Açores para manter a estabilidade governativa na região, apesar de terem rompido os acordos de incidência parlamentar.

Na Assembleia Legislativa Regional, o executivo regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM passou a ter o apoio de apenas 27 deputados em vez dos iniciais 29, mantendo um acordo de incidência parlamentar com o Chega. Falta-lhe um deputado para assegurar a maioria dos votos no parlamento açoriano, que é composto por 57 parlamentares.

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