Área ardida de Murça vai receber 7500 árvores autóctones este fim-de-semana

O município de Vila Real ficou com cerca de 7000 hectares queimados depois do incêndio de Julho. A plantação foi pensada de forma estratégica para controlar a propagação de fogos.

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O incêndio de Julho de 2022 em Murça causou dois mortos Reuters/PEDRO NUNES

Cerca de 7500 árvores autóctones vão ser plantadas entre sexta-feira, dia 17 de Março, e sábado, em Murça, numa acção de reflorestação de área ardida no grande incêndio de Julho promovida pela Cooperativa dos Olivicultores e pela Quercus.

Após o fogo que lavrou em Murça, distrito de Vila Real, a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do concelho e a associação ambientalista Quercus lançaram a campanha "Um garrafão, uma Árvore! Vamos Plantar Esperança!", que converteu garrafões de azeite vendidos em árvores, que vão agora ser plantadas na área ardida.

Francisco Vilela, presidente da direcção da cooperativa, disse esta segunda-feira que vão ser plantadas mais de 7500 árvores, entre bétulas, faias e carvalhos resultantes da campanha, mas também de uma doação da farmacêutica Astrazeneca.

"No fundo, [espécies] folhosas para criar um efeito tampão, ou barreira, entre as parcelas agrícolas e as áreas florestais", afirmou, explicando que a ideia é criar "uma faixa de folhosas entre terrenos de monocultura de pinheiro bravo".

O responsável salientou que, no incêndio de Murça, foi bem visível o efeito tampão criado pelos mosaicos agrícolas na propagação do fogo.

O município foi atingido por um incêndio que se prolongou de 17 a 21 de Julho, alastrou para os concelhos vizinhos de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços e queimou cerca de 7000 hectares, principalmente de mato, mas também pinhal, carvalhos e castanheiros.

Neste fogo foram afectadas 23 aldeias, 14 só no concelho de Murça, e um casal, com 69 e 72 anos, morreu, quando estava a sair da aldeia de Penabeice e o carro onde seguia caiu numa ravina. O casal foi encontrado já morto numa área queimada pelo incêndio.

"Se existissem mosaicos criados de forma pensada e estratégica poderíamos controlar o incêndio muito melhor e isto serviu de base para a nossa iniciativa, ou seja, não colocar pinheiros sobre pinhos, mas colocar folhosas, árvores mais resilientes ao fogo para que, se voltar a acontecer um problema destes, pelo menos a área ardida não seja tão extensa", referiu Francisco Vilela.

Com esta acção, explicou, pretende-se "proceder não apenas à simples aquisição das árvores, mas também realizar o trabalho de preparação do terreno e a respectiva plantação e, por outro lado, sensibilizar os agricultores para a necessidade de criar um cordão à volta das suas parcelas agrícolas com estas espécies autóctones mais resistentes aos incêndios".

O responsável referiu que a reflorestação programada para esta semana vai ocorrer em três parcelas de três baldios, em Valongo de Milhais e Jou, freguesias muito afectadas pelo fogo. Na sexta-feira, a iniciativa pretende ter um cariz de sensibilização ambiental e, por isso, vão ser envolvidas escolas do concelho. No dia a seguir, pretende-se envolver na acção agricultores, residentes nas freguesias envolvidas, associações ambientalistas, bombeiros, entre outros.

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