Vendas da Nestlé Portugal aumentaram 8,3% em 2022

Maior grupo alimentar do mundo fechou o ano passado com subida de 24% nas exportações a partir do mercado nacional, onde produz várias marcas de café e de cereais de pequeno-almoço.

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Anna Lenz, directora-geral da Nestlé Portugal Nuno Ferreira Santos

A companhia Nestlé Portugal encerrou o ano de 2022 com vendas líquidas de 677 milhões de euros, o que corresponde a um aumento total de 8,3% face ao ano precedente. Localmente, o grupo dono das marcas Sical, Maggi, Nestum, Kit Kat e Purina obteve um crescimento de 5,2% (mais 52 milhões de euros). Um desempenho que passa para 24% no caso das exportações (para 125 milhões de euros). “Cerca de 60% do volume produzido em Portugal vai para exportação”, contabiliza a directora-geral da empresa que hoje faz 100 anos de presença em Portugal, Anna Lenz.

A companhia, que não divulga resultados no mercado português – a casa-mãe consolidou uma subida de 8,4% nas vendas totais (para 94,95 mil milhões de euros), mas uma quebra de 45,2% dos lucros no período em análise (para 9,35 mil milhões de euros) –, nem a divisão das vendas por área de negócio, distingue o café, “de longe”, como “maior negócio” em Portugal.

“Somos um dos poucos mercados do grupo que tem muitas marcas locais”, onde a “Buondi e Sical são as duas maiores”, que a Nestlé Portugal conseguiu introduzir no sistema de café em cápsulas Dolce Gusto – “é o único dos mercados [do grupo] ao nível mundial que tem uma marca local”. A estas, juntam-se ainda as marcas internacionais, como a Nespresso, Nescafé, Starbucks (através de licença do grupo retalhista norte-americano). Aqui, Portugal soma outra característica, explica a gestora. “No café, temos a vantagem de ter uma fábrica no Porto, que é especializada no café torrado e moído, que produz todas as nossas marcas locais, mas que também faz a produção para o exterior.” A unidade cafeeira da Nestlé no Porto chegou a ser, adianta Anna Lenz, “a primeira fábrica ao nível mundial” a servir a Nestlé na produção do café torrado e moído da marca Starbucks.

O segmento de negócio de café em Portugal inclui ainda a Nespresso (vendas directas da empresa ao consumidor e escritórios), a parte de café comercializado via retalhistas, “como o solúvel, ou o Dolce Gusto”, e o “negócio fora do lar, com uma força de venda para o canal Horeca [hotéis, restaurantes e cafés] e escritórios”.

Depois do café, na hierarquia das vendas por negócios, os animais precedem os humanos. “Em seguida, há o negócio da Purina, as rações de cães e gatos”, explica Anna Lenz, que reconhece que esta área “teve uma forte aceleração também nos últimos anos”. Por dois factores, acredita,: porque, hoje, “60% dos portugueses têm cão ou gato, ou os dois” e porque “têm também uma maior consciencialização de que os animais não devem comer restos de comida humana”.

Finalmente, “a terceira dimensão” do negócio em Portugal é a da nutrição, que tem as marcas Nestum e Cerelac, por exemplo, produzidas, entre outras, na fábrica do grupo em Avanca, que é, sublinha Anna Lenz, “realmente conhecida no grupo como a fábrica especializada em cereais [de pequeno-almoço]”.

Com a unidade leiteira que chegou a ter em São Miguel, a Nestlé Portugal tem agora uma relação de abastecimento, como cliente. “O Nido [leite em pó] é sempre com leite dos Açores”, garante a gestora. No país, a companhia compra mais de 50% [do abastecimento] a 900 fornecedores locais. “São matéria-prima, materiais de embalagem e serviços”, diz. “Para a fábrica de café, o que compramos é mais importado; na fábrica de Avanca – que faz Nestum, Cerelac, Estrelitas, Chocapic, todos esses produtos com que os portugueses cresceram – a compra é mais local.”

“Temos cada vez mais procura, e com isso criamos novos postos de trabalho e novos investimentos em linhas [de produção] ou melhoria das linhas existentes.” O investimento em Portugal durante o ano passado foi de 73 milhões de euros, dos quais 43 milhões de euros em marketing e comunicação. O restante foi destinado às fábricas, com destaque para os 18,1 milhões de euros em Avanca.

“Criámos 137 postos de trabalho novos em 2022: na fábrica, por causa da produção maior que tivemos; e na outra área do ‘shared service center’, em Lisboa, onde temos um centro de competências, muito especializado na área de marketing digital, onde fornecemos serviços para a Europa inteira. Essas são as duas áreas de crescimento”. No final de 2022, a Nestlé Portugal tinha 2484 trabalhadores.

“Em 2023”, antevê a gestora que desde Julho lidera a companhia em Portugal, “vamos continuar a crescer, como fizemos ao longo dos últimos anos, e vamos continuar a investir na inovação, na nutrição e na sustentabilidade”, a “investir nas fábricas” e a “criar empregos”. “Nós estamos aqui há 100 anos, queremos continuar a fazer parte dos próximos 100 anos. Essa é a filosofia da empresa”, resume Anna Lenz.

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