Partido da primeira-ministra da Estónia vence legislativas

Kaja Kallas, que tem sido uma das mais firmes apoiantes da Ucrânia contra a invasão da Rússia, melhorou o resultado face a 2019 e deixou a extrema-direira a 20 deputados de distância.

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Kaja Kallas, primeira-ministra da Estónia JANIS LAIZANS/Reuters

De Tallin, capital da Estónia, a São Petersburgo, a segunda cidade da Rússia, vão 364 quilómetros, pouco mais do que Lisboa ao Porto. Entre os dois países há, também, séculos de conflito e de domínio russo, primeiro do império dos czares e depois da União Soviética. Para os estonianos, o enorme país vizinho é uma ameaça histórica e constante e, desde o início da invasão russa da Ucrânia, o pequeno estado báltico tem sido um dos mais firmes apoiantes de Kiev na sua guerra com Moscovo.

No último ano, a Estónia deu o equivalente a 1% do seu produto interno bruto em assistência militar e humanitária à Ucrânia, mais do que qualquer outra nação em proporção do PIB, incluindo todo o seu arsenal de howitzers de 155 mm.

O apoio da Estónia à Ucrânia ganhou novo fôlego no domingo com a vitória do partido da primeira-ministra Kaja Kallas nas eleições legislativas, que lhe permite formar um novo Governo, ainda que em coligação com outras forças políticas, ao mesmo tempo que viu a extrema-direita perder votos em relação à eleição anterior, em 2019.

O Partido Reforma, de Kallas, assegurou 37 dos 101 lugares do Parlamento da Estónia, mais 20 do que a segunda força política mais votada, o EKRE, de extrema-direita. Em terceiro lugar, a pouca distância tanto em percentagem de votos como em número de deputados, ficou o Partido do Centro, que até 2021 chefiou o executivo.

A vitória folgada de Kallas, que em Maio de 2022 a revista New Statesman apelidou de “Dama de Ferro da Europa”, superou as expectativas da própria primeira-ministra estoniana, que admitiu, no seu discurso de vitória que os resultados obtidos pelo seu partido foram melhores do que esperava.

A prioridade dada pelo Governo de Kallas ao apoio à Ucrânia levou a que a oposição a responsabilizasse pelos problemas económicas do país, onde a inflação superou os 18%, uma das taxas mais elevadas da União Europeia. Ainda assim, o Partido Reforma superou, no domingo, o resultado obtido nas eleições de 2019, em que já tinha sido o mais votado. Na altura, Kaja Kallas não conseguiu formar uma coligação, o que permitiu a manutenção de Jüri Ratas, do Partido do Centro, no poder, com o apoio do EKRE e do partido Pátria.

“Penso que com um mandato tão forte, o [apoio à Ucrânia] não vai alterar-se, porque os outros partidos, excepto o EKRE e talvez o Centro, escolheram o mesmo caminho”, declarou Kaja Kallas, citada pela Associated Press.

“Temos de fazer grandes investimentos, por exemplo relativamente à transição verde. E temos de investir na nossa segurança – o nosso vizinho agressivo [a Rússia] não desapareceu nem vai desaparecer, por isso temos de trabalhar com isso”, acrescentou.

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