A Igreja portuguesa continua a não saber lidar com os abusos

Ao fim de três semanas de reflexão e suposto debate, isto é uma mão cheia de nada – ainda que D. José Ornelas tenha preferido chamar-lhe “uma mão cheia de compromissos”.

O relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa foi apresentado há quase três semanas. Os bispos sabiam, há bastante mais tempo do que isso, que o relatório não iria ser lisonjeiro para a Igreja. Não, a excepção portuguesa, pela qual alguns ansiavam, não existe. Não, os abusos de menores não são “um fenómeno fundamentalmente anglo-saxónico”, como chegou a afirmar D. Manuel Linda. São um fenómeno americano, europeu, africano, asiático, absolutamente transversal à Igreja, e potenciado por uma cultura de encobrimento que não só permitiu a continuação dos crimes, como promoveu a sua multiplicação, ao empurrar padres pedófilos de umas paróquias para as outras. Com a cumplicidade de bispos, cardeais e até de papas.

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