Mortos do sismo na Turquia e na Síria superam os 45 mil

Contra todas as probabilidades ainda há pessoas a serem resgatadas com vida debaixo dos escombros. Um jovem de 14 anos e um homem de 34 anos foram encontrados com vida este sábado em Antáquia.

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O trabalho das equipas de resgate é cada vez menos de salvamento e mais de retirar os mortos debaixo dos escombros MAXIM SHEMETOV/Reuters

Mais de 45 mil pessoas morreram no sismo que atingiu a Turquia e a Síria e este número deverá continuar a subir, tendo em conta os 264 mil apartamentos destruídos e os muitos que ainda estão dados como desaparecidos no maior desastre da história moderna da Turquia.

Doze dias depois do sismo, três pessoas, incluindo uma criança, foram resgatadas este sábado com vida dos escombros de um edifício em Antáquia, no sul da Turquia, 296 horas depois do tremor de terra, adiantou a agência de notícias pública turca Anadolu. As imagens da televisão mostram-nas a ser levadas em ambulâncias.

O número oficial de mortos na Turquia está agora nos 39.672, já a Síria fala em mais de 5800 mortes, no entanto, há dias que este balanço sírio não muda.

Enquanto muitas equipas de resgate estrangeiras já abandonaram a vasta zona do sismo, as equipas turcas continuavam este sábado à procura de sobreviventes entre os destroços dos edifícios caídos, esperando encontrar outros capazes de desafiar as estatísticas. A maioria dos especialistas diz que grande parte dos resgates é feita nas 24 horas seguintes ao sismo.

Hakan Yasinoglu, um homem na casa dos 40 anos, foi salvo na província de Hatay, no Sul da Turquia, 278 horas depois do tremor de terra de 7,8 de magnitude ter abalado a Turquia e a Síria a 6 de Fevereiro, de acordo com bombeiros de Istambul.

Antes, o mesmo tinha acontecido a Osman Halebye, de 14 anos, e Mustafa Avci, de 34, salvos na histórica cidade de Antáquia, conhecida em tempos antigos como Antióquia. Enquanto o levavam dos escombros, Mustafa Avci foi colocado numa chamada de vídeo com os pais para lhe mostrarem o filho recém-nascido.

“Tinha perdido completamente a esperança. Isto é um verdadeiro milagre. Deram-me o meu filho de volta. Eu vi os destroços e pensei que ninguém podia ser dali sair com vida”, disse o pai.

Organizações de ajuda humanitária dizem que os sobreviventes irão precisar de ajuda durante meses com tanta infra-estrutura básica destruída.

Na vizinha Síria, já destruída por mais de uma década de guerra civil, a maior parte das fatalidades aconteceu no Noroeste, uma área controlada por rebeldes que estão em guerra com o Presidente Bashar al-Assad – um conflito que complicou os esforços para ajudar as pessoas afectadas pelo tremor de terra.

Milhares de sírios que tinham procurado refúgio na Turquia por causa da guerra civil no seu país voltaram para as suas na zona de guerra, pelo menos por agora.

Cresce a raiva

Nem a Turquia nem a Síria revelaram o número de desaparecidos do sismo.

Na Turquia, entre as famílias que ainda esperam que os seus familiares sejam encontrados cresce a raiva contra o que vêem como as práticas de corrupção na construção e as graves lacunas de desenvolvimento urbano que resultaram na desintegração de milhares de casas e empresas.

Um desses edifícios, o Ronesans Rezidans (Residência Renascença), que se desmoronou em Antáquia, matou centenas de pessoas.

“Diziam que era à prova de sismos, mas podem ver o resultado”, disse Hamza Alpaslan, de 47 anos, cujo irmão vivia no edifício de apartamentos. “Estava em condições terríveis. Não tinha cimento nem ferro adequado. É um verdadeiro inferno.”

A Turquia prometeu investigar todos os responsáveis pelo colapso dos edifícios e as autoridades mandaram deter mais de 100 suspeitos, incluindo promotores imobiliários.

As Nações Unidas pediram, na quinta-feira, mais de 1000 milhões de dólares (938 milhões de euros) em fundos para a operação de ajuda na Turquia e 400 milhões de dólares (375 milhões de euros) para a Síria.

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