Líder do grupo Wagner admite criação de “fábrica de trolls” para interferir nas eleições dos EUA

Ievgueni Prigojin, que se tornou mais conhecido com a guerra na Ucrânia, diz ter sido o mentor e financiador da Agência de Investigação em Internet.

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Prigojin (à esquerda) apresentava-se publicamente apenas como empresário de catering POOL

O fundador e líder do grupo paramilitar russo Wagner, Ievgueni Prigojin, admitiu ter fundado e financiado a Agência de Investigação em Internet, uma empresa de São Petersburgo que os Estados Unidos acreditam ser uma “fábrica de trolls” que interferiu nas eleições americanas de 2016.

“Nunca fui apenas o que financia a agência. Idealizei-a, criei-a, liderei-a durante muito tempo”, disse Prigojin, citado pelo seu serviço de imprensa. “Ela foi criada para proteger o espaço informativo russo da propaganda anti-russa grosseira e agressiva do Ocidente”, acrescentou.

De acordo com a investigação norte-americana liderada pelo procurador especial Robert Mueller, a agência de Prigojin liderou uma campanha para “subverter o sistema eleitoral dos Estados Unidos” e, mais tarde, para “favorecer o candidato Trump e denegrir a candidata Clinton”.

Esta foi a primeira vez que Prigojin assumiu publicamente a sua ligação à agência. Trata-se de um reconhecimento que vem na sequência de outras duas admissões, no ano passado: a de que era líder do grupo Wagner e de que interferiu em eleições norte-americanas. Até então, Prigojin apresentava-se publicamente apenas como dono de uma empresa de catering, que granjeou inúmeros contratos públicos, o que lhe valeu a alcunha de “chef de Putin”.

No decorrer da guerra na Ucrânia, porém, a notoriedade de Prigojin tem crescido tanto para uma audiência internacional como doméstica muito graças às críticas públicas que tem feito ao Ministério da Defesa russo, ao mesmo tempo que divulga vídeos seus e dos seus mercenários que parecem um exemplo do rigor e da disciplina que alegadamente faltam às Forças Armadas regulares.

É por esse motivo, acreditam alguns analistas, que o Kremlin está a começar a encará-lo como ameaça e Vladimir Putin estará a tentar impedir a sua entrada na política activa.

Prigojin é procurado pelo FBI sob acusação de liderar uma conspiração contra os Estados Unidos, que lhe impuseram sanções em 2020.

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