Montenegro defende mais fiscalização e planeamento na imigração

Líder do PSD lembra que os “estudos apontam para que, nos próximos anos”, Portugal perca “20% a 25% da população”. Augusto Santos Silva avisa que incêndio na Mouraria deve “sacudir consciências”.

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Líder do PSD está na Guarda, no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal" LUSA/MIGUEL PEREIRA DA SILVA

O presidente do PSD considerou nesta segunda-feira que o Governo deve "encarar" a temática da imigração, salientando que é preciso haver fiscalização e planeamento, para evitar situações como as que ocorreram em Lisboa, Olhão e Odemira.

"Eu quero aqui fazer dois apelos muito directos ao Governo. Em primeiro lugar, para não meter a cabeça na areia, e para encarar esta temática. É preciso haver fiscalização, mas é preciso haver planeamento", disse Luís Montenegro.

O líder do PSD falava aos jornalistas na chegada à Guarda, o sexto distrito escolhido no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal", realizada na sequência do compromisso que assumiu no 40.º Congresso de passar uma semana por mês nos diferentes distritos do país.

Ao abordar questões relacionadas com a imigração, no seguimento do incêndio ocorrido, na noite de sábado, num prédio no bairro lisboeta da Mouraria, que provocou dois mortos de nacionalidade indiana e 14 feridos, Montenegro também "lamentou profundamente" que o PS e o Governo "não tivessem aproveitado" o impulso do PSD e não se tivessem colocado ao seu lado na promoção de um programa transversal e universal.

"[Um programa que permitiria] sabermos quem é que precisamos em Portugal, quem é que nós queremos em Portugal e para podermos acolher e integrar esses colaboradores do nosso desenvolvimento", prosseguiu.

"Portugal tem um problema demográfico que é evidente. Todos os estudos apontam para que nos próximos anos nós percamos 20% a 25% da nossa população. Nós precisamos de reter os nossos jovens, nós precisamos de não os deixar sair do país e de aproveitar as suas qualificações. Mas isso não chega", disse.

E acrescentou: "Nós precisamos de inverter a tendência da natalidade em Portugal e [de] criar condições para remover os obstáculos daqueles jovens casais que querem ter filhos. Mas isso também não chega. Nós temos de ter políticas de imigração, de acolhimento, de integração de imigrantes."

"Olhando para Lisboa, eu creio que o dia é para fazermos um grito de alerta ao país e ao Governo, para ter uma política migratória mais eficaz, que não só fiscalize como, pelo contrário, possa planear, possa planificar o acolhimento e a integração de imigrantes", sublinhou.

Segundo o líder social-democrata, o acontecimento de Lisboa "trouxe à luz do dia uma realidade que infelizmente existe em Portugal, e não é só em Lisboa", em várias regiões, relacionado com a presença de imigrantes que vêm ajudar o país a ultrapassar algumas lacunas de recursos humanos.

"Vêm com boas intenções e são sujeitos a condições degradantes do ponto de vista humano", disse, referindo-se não só ao caso de Lisboa, relacionado com a vertente da habitação, como com reacções de grupos "mais ou menos organizados", como aconteceu em Olhão.

O líder do PSD também recordou o que ocorreu em Odemira, com trabalhadores imigrantes "a viver em condições absolutamente intoleráveis e a auferir um rendimento baixíssimo", porque grande parte do rendimento é retido "por redes de mão-de-obra ilegal".

Para Luís Montenegro, que apresentou o seu pesar relativamente às vítimas do incêndio ocorrido em Lisboa, as duas situações "têm de ter uma responsabilização".

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, também fez um comentário sobre o incêndio da Mouraria, assumindo que ele deve servir para sacudir consciências e sublinhando que "habitação digna é um direito de todos".

"Que o incêndio na Mouraria, que vitimou tantos migrantes desprotegidos, sirva ao menos para sacudir as nossas consciências. A habitação digna é um direito de todos", defendeu Santos Silva numa publicação na rede social Twitter.

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