Aveirenses desafiados a conhecer e avaliar ideias para a zona da antiga lota

Câmara Municipal de Aveiro abriu um período de consulta pública. Opiniões devem ser enviadas por email ao próprio presidente da autarquia.

Foto
Há muito largada ao abandono, a área de cerca de 10 hectares ainda está na posse da Administração de Aveiro Adriano Miranda

Há nove propostas para a requalificação da zona da antiga lota de Aveiro. Os projectos, surgidos no âmbito do concurso público de ideias para a elaboração do estudo urbanístico daquela área, estão agora a ser sujeitos a consulta pública. Até ao próximo dia 9, as ideias apresentadas a concurso estão expostas no Centro de Congressos da cidade e os aveirenses são desafiados a conhecê-las e a dar nota das suas avaliações até dia 10 - os cidadãos podem partilhar a sua opinião para o email presidente@cm-aveiro.pt. Segue-se a decisão do júri, mas há quem defenda que a definição do futuro daquela área, plantada de frente para a ria e às portas do centro da cidade, merecia “um amplo processo colaborativo”.

O concurso de ideias, destaca a autarquia em comunicado, “tem por objectivo a apresentação do conceito de ocupação e respectivo desenho urbano, que permita não só valorizar a imagem urbana dos terrenos da antiga lota de Aveiro, como promover as vivências urbanas, apostando na diversidade de funções, numa perspectiva de gerar um espaço dinâmico, com forte cariz cultural, com espaço de relevo para os desportos náuticos e a náutica de recreio, tudo alicerçado numa aposta de sustentabilidade ao nível ambiental, social e económico”.

Há muito largada ao abandono, aquela área de cerca de 10 hectares ainda está na posse da Administração de Aveiro (APA), mas o líder da autarquia, Ribau Esteves, está confiante de que, no âmbito do processo de descentralização, irá assumir a gestão daqueles terrenos. Aquela área era, inclusive, parte integrante da candidatura de Aveiro a Capital Europeia da Cultura, tendo sido assumida a intenção de ali criar um equipamento, o Living Places Lab, com várias valências e funções de dinamização cultural e comunitária.

A autarquia fez saber que aquele espaço deverá funcionar como “área piloto para teste da incorporação dos desafios da New European Bauhaus”, contando “com o envolvimento cívico e com a exploração de novas abordagens na relação da urbanidade com os valores ambientais”.

Apesar do apelo lançado pela autarquia à participação dos cidadãos, há já várias críticas, nas redes sociais, à falta de debate público em torno desta matéria e também relativamente à duração da consulta pública - os cidadãos têm apenas dez dias para conhecer as ideias e redigir as suas opiniões. “A história das decisões estruturantes em Aveiro baseadas em exercícios de concurso de ideias não é boa conselheira. Já sabemos como termina”, apontou o docente e investigador José Carlos Mota. No seu entender, a “cidade beneficiaria de se poupar a mais uma disputa sobre um território único que justifica todos os esforços para ser bem planeado”.

O especialista em planeamento regional e urbano deixa, na sua página de Facebook, um apelo para que o município “reconsidere a forma como está a solicitar a participação dos cidadãos e das organizações locais neste desafio tão estimulante”, sugerindo que “o faça através de um amplo processo colaborativo”.

Sugerir correcção
Comentar