Programador do Convento São Francisco em Coimbra sai por “motivos pessoais”

Paulo Pires estava há quatro meses naquelas funções, que acumulava com a direcção do Departamento de Cultura da câmara municipal.

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Sala do Convento São Francisco em Coimbra SERGIO AZENHA

O programador do Convento São Francisco e director do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara de Coimbra, Paulo Pires, pediu a exoneração dos cargos que ocupava por "motivos pessoais", confirmou o próprio ao PÚBLICO.

A informação da saída de Paulo Pires, que estava há quatro meses naquelas funções — correspondentes, na prática, à direcção artística do Convento São Francisco —, foi inicialmente avançada pelo jornal local As Beiras e confirmada ao PÚBLICO pela Câmara de Coimbra.

O Convento São Francisco é um espaço cultural inaugurado em 2016 com a ambição de assumir uma posição artística central em Coimbra e na região centro. Em Dezembro, o novo director artístico apresentou a programação para a temporada de Janeiro a Junho de 2023, com a intenção, disse na altura ao PÚBLICO, de colocar definitivamente este equipamento no mapa nacional.

Paulo Pires veio ocupar o cargo de programador do Convento de São Francisco após a aposentação de Francisco Paz que substituíra Celeste Amaro, afastada em Março do ano passado pelo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, menos de uma semana após ter assumido funções.

As linhas mestras da programação do Convento de São Francisco, defendeu Paulo Pires na altura, passam por diversificar e conferir maior identidade à programação, através de estreias nacionais, da encomenda de espectáculos únicos e do aprofundar da relação com artistas e estruturas da cidade; uma maior articulação entre cultura e educação, envolvendo a comunidade escolar; capacitar o talento local, trabalhando, por exemplo, na criação de uma estrutura profissional de dança em Coimbra, e explorando a dinâmica cena de música independente da cidade.​

Para Maio, está prevista a estreia mundial da digressão do novo disco de Adriana Calcanhotto, Errante (24 de Maio).

Na música, a temporada contempla, além do concerto de Calcanhotto, um programa da Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Dinis Sousa (24 de Fevereiro) ou um espectáculo, para comemorar o Dia da Mulher, em que participam Simone de Oliveira, Rita Redshoes, Ana Bacalhau, Maria João ou Katia Guerreiro (5 de Março). Já na área da ópera e do teatro, o convento deverá acolher produções do Teatro Nacional de S. Carlos (L’Elisir d’Amore, dia 4 de Maio) e do itinerante Teatro Nacional D. Maria II (O Misantropo, de Molière, 13 de Maio), ou a Noite de Reis de Shakespeare encenada por Ricardo Neves-Neves (14 de Abril)

O antigo adjunto da ex-ministra da Cultura Graça Fonseca e assessor da Direcção-Geral das Artes tinha assumido em Junho de 2022 a chefia da Divisão de Cultura e Promoção Turística da Câmara de Coimbra. Em Outubro, Paulo Pires passou a dirigir o Departamento de Cultura, altura em que ficou também responsável pela definição da programação do Convento São Francisco.

Paulo Pires, que integrava o mapa de pessoal da Câmara de Loulé, foi adjunto no gabinete da ex-ministra da Cultura, entre 2020 e 2022, no anterior Governo liderado pelo PS.

Antigo investigador no Centro de Estudos Ataíde Oliveira da Universidade do Algarve, Paulo Pires assumiu também no passado a direcção artística do município de Loulé, entre 2015 e 2020, na área das artes performativas, artes visuais e cruzamento disciplinar, e foi coordenador da programação cultural da Câmara de Silves, entre 2008 e 2015.

O PÚBLICO tentou saber se havia já algum nome pensado para assumir a programação do Convento São Francisco, mas fonte da Câmara Municipal de Coimbra afirmou que neste momento não havia mais nada a acrescentar.

Com Lusa

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