Paolo Taviani: cineasta até à morte
“Filme-morgue”, acumulando mortos e cadáveres à beira da obsessão. E essa obsessão merece, no mínimo, o nosso mais profundo respeito.
Diz-se frequentemente que os cineastas são como os pintores, vivem muito e trabalham até à morte. Vale o que vale, mas nem sequer é preciso ir a Manoel de Oliveira para reconhecer alguma verdade nessa intuição — basta ir a um peculiar grupo de cineastas nascidos à roda de 1930, que apesar de baixas recentes (Godard, Vecchiali) continua a fornecer um vigoroso contingente de octogenários ou nonagenários em plena actividade (Wiseman, Eastwood). Ou Paolo Taviani, que nasceu em 1931, e com este Leonora Addio entrou no clube dos cineastas em actividade depois dos 90 anos. É o segundo filme sem o seu irmão Vittorio (1929-2018), com quem ao longo de várias décadas assinou todos os filmes, numa obra que conheceu, sobretudo nos anos 70 e 80, alguns momentos de grande popularidade. Se o “irmão Taviani” agora trabalha no singular, o outro Taviani não está longe, porque o filme é dedicado a Vittorio. E é completamente crepuscular, totalmente obcecado com a velhice e com a morte.
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