Exportações de vinho verde cresceram 6%. Rússia mais do que duplicou, sem promoção

Exportações de vinho verde atingiram 30,1 milhões de litros e 76,8 milhões de euros em 2022. Para a Rússia, mais do que duplicaram em volume e valor, apesar de a região ter cancelado a promoção.

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Dora Simões preside à Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes desde Julho de 2022 Rui Oliveira

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) cancelou, em 2022, as acções de promoção na Rússia devido à guerra, mas as exportações do produto pelos agentes económicos do sector para aquele destinomais do que duplicaram em volume e valor.

De acordo com dados da CVRVV, em 2022, até Novembro, foram exportados 1,2 milhões de litros da região do noroeste português para a Rússia, num total de 2,7 milhões de euros, o que compara com 625 mil litros e 1,3 milhões de euros em 2021, antes da guerra.

No global, as exportações até Novembro aumentaram 6% face a 2021, atingindo 30,1 milhões de litros e 76,8 milhões de euros no ano passado, ao passo que em 2021 os 30,5 milhões de litros tinham rendido 72,2 milhões de euros à região.

Segundo explica à Lusa Dora Simões, presidente da CVRVV desde Julho, "apesar de a Comissão dos Vinhos Verdes ter cancelado as actividades promocionais no mercado da Rússia, os agentes económicos da região e respectivos parceiros comerciais terão sempre a liberdade de dar continuidade aos seus negócios".

Sobre a exportação para a Rússia, a responsável acrescenta que quando o processo "foi estancado, parado, houve de facto um momento em que os agentes económicos não tinham opção absolutamente nenhuma", em termos de envios para o país, porque "não tinham as vias de transporte, logísticas, para o fazer", em face de vários cortes nas interacções ocidentais com Moscovo.

Segundo dados da CVRVV, de facto, nos meses de Março e Abril do ano passado, a região não exportou vinho para a Rússia, depois os produtores retomaram o ritmo de exportação.

A Rússia estava a ser "um mercado em franca expansão", contextualiza Dora Simões, sendo possível que "essa expansão se tenha dado numa altura em que ainda estavam negócios a decorrer".

Em Abril, ainda no mandato de Manuel Pinheiro, a Comissão dos Vinhos Verdes anunciou o cancelamento das acções de promoção na Rússia, reorientando as exportações para outros mercados, como o mexicano.

Até Novembro, a região dos Vinhos Verdes registou ainda uma diminuição das exportações para a Alemanha, menos 1,6 milhões de litros e 2,8 milhões de euros.

Dora Simões reconhece que comparar 2022 com 2021 é "difícil", por se estar a "analisar um período marcado pelos efeitos de uma guerra na Europa", que em concreto no sector deixou muitos produtores de vinho em dificuldades económicas. "Assistimos, nos últimos meses, a grandes dificuldades para manter expedições, quer pela escassez de componentes, quer pelas dificuldades de transporte, que, aliadas, à retracção no consumo generalizada, inclusive na Alemanha, é natural em tempo de crise económica", acrescenta. A responsável diz ter a expectativa que "a situação na Alemanha recupere e que as exportações voltem a aumentar".

Subidas noutros mercados

Por outro lado, em 2022, até Novembro, há a registar subidas significativas nos Estados Unidos, que até desceram em litros (menos 17 mil) mas aumentaram em valor 1,5 milhões de euros, e para a Grã-Bretanha, que subiram 170 mil litros e 1 milhão de euros. Também se registaram subidas no Canadá (13 mil litros, 570 mil euros), em Espanha (375 mil litros, 893 mil euros), Essuatíni (264 mil litros, 643 mil euros) e Polónia (385 mil litros, 600 mil euros).

Em 2023, a CVRVV vai apostar em acções de promoção no Reino Unido, Polónia e Coreia do Sul, com Dora Simões a salientar que no caso britânico e no coreano a ideia é "entrar por cima, com as gamas mais elevadas, com produtos de maior valor, mais sofisticado".

A Coreia do Sul é "um mercado de oportunidade" potencialmente similar ao japonês, onde as vendas de Vinho Verde "são talvez as de valor mais elevado", sendo um mercado "muito consistente, que demora muito tempo a desenvolver".

Já a Polónia "tem uma massa crítica boa, e é importante começar porque é um mercado jovem, com consumo de vinho", e pessoas "abertas a conhecer" o produto.

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