PIB alemão cai no quarto trimestre e torna recessão mais provável

Maior economia da zona euro contraiu-se 0,2% nos últimos três meses do ano. Se a tendência se mantiver no arranque de 2023, a Alemanha poderá registar uma recessão técnica.

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Fábrica da Volkswagen em Wolfsburg, na Alemanha Reuters/POOL New

O cenário de uma recessão técnica na maior economia da zona euro, uma hipótese que parecia ter ficado mais distante nas últimas semanas, tornou-se esta segunda-feira outra vez mais provável, depois de se ficar a saber que o Produto Interno Bruto (PIB) alemão registou uma contracção no quarto trimestre do ano passado.

De acordo com a primeira estimativa publicada pela autoridade estatística alemã, o PIB registou, no quarto trimestre de 2022, uma descida de 0,2% face ao trimestre imediatamente anterior. Este resultado segue-se a um crescimento em cadeia de 0,5% no terceiro trimestre (face ao segundo trimestre) do ano e representa uma surpresa, pela negativa, para a maior parte dos analistas.

De acordo com um inquérito a economistas realizado na semana passada pela Reuters, a expectativa média era a de que a economia alemã tivesse registado uma taxa de crescimento nula no quarto trimestre do ano.

De facto, nas últimas semanas, o ambiente geral tinha passado a ser de que a Alemanha será capaz, apesar dos impactos negativos trazidos pela subida da inflação e o agravamento das taxas de juro, de evitar um cenário de recessão técnica, normalmente definida como a ocorrência de dois trimestres consecutivos de variação negativa em cadeia do PIB.

No entanto, o resultado negativo agora registado no quarto trimestre do ano passado volta a tornar a recessão técnica na Alemanha um cenário mais provável, até porque o período em que se prevê uma pressão descendente mais forte na economia é precisamente o dos primeiros meses deste ano.

De qualquer modo, mesmo que se registe uma recessão técnica (na eventualidade de recuos em cadeia do PIB no último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023), o cenário em cima da mesa neste momento não é o de uma recessão profunda, mas sim o de um recuo no nível de actividade económica relativamente suave e de curta duração.

Na semana passada, o Governo alemão reviu em alta a sua previsão de crescimento económico para 2023, tendo deixado de apontar para uma contracção de 0,4% no total do ano para passar a assumir que a economia irá crescer 0,2%.

A concretização destas expectativas mais positivas, contudo, depende fortemente da forma como irá evoluir a guerra na Ucrânia, dos desenvolvimentos nos mercados energéticos internacionais e da política monetária que vier a ser adoptada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Já esta semana, os responsáveis do BCE reúnem-se para decidir o que fazer às taxas de juro e a expectativa é a de que, na reunião desta quinta-feira, Christine Lagarde e os seus pares voltem a subir as suas taxas de juro de referência em 0,5 pontos percentuais, numa tentativa de pôr o custo do financiamento na zona euro a um nível suficientemente alto para trazer a inflação para mais perto do objectivo de 2%. O impacto de curto prazo para a actividade económica será, no entanto, negativo.

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