Rangel diz que “guerras internas do PS” no Governo prejudicam aplicação de PRR

“Vice” do PSD diz que em Portugal o PRR está “totalmente orientado” para a despesa a corrente, “do dia-a-dia”, e não para a recuperação e resiliência.

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Paulo Rangel diz que "não há qualquer coordenação entre o PRR e os fundos de coesão" Rui Gaudencio

O eurodeputado e primeiro vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, afirmou nesta sexta-feira que "as guerras internas do PS" no Governo estão a prejudicar a aplicação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de coesão em Portugal.

Numa iniciativa do Partido Popular Europeu (PPE), em Lisboa, dedicada precisamente ao PRR, Rangel acusou ainda o Governo de estar "totalmente consumido a tratar das suas feridas internas" e sem espaço para "pensar no futuro".

"O PRR e os fundos de coesão são uma grande oportunidade. Num país como Portugal, talvez a última oportunidade para dar um salto em frente no desenvolvimento. Com um Governo totalmente consumido a tratar das suas feridas internas, em constante desagregação, não há espaço para pensar no futuro", disse o dirigente social-democrata.

Paulo Rangel avisou que, por enquanto, o prazo de aplicação do PRR é até 2026, o que dá "muito pouco tempo" para corrigir o caminho.

"Neste momento, estamos a desperdiçar a oportunidade enquanto as guerras internas do PS decorrem à face de todos dentro do Governo, isso é um factor que está a prejudicar imenso o lançamento desta oportunidade", reiterou.

O eurodeputado apontou ainda outra "falha ao Governo socialista": "Não há qualquer coordenação entre o PRR e os fundos de coesão, isto é absolutamente disparatado e é um desperdício."

Por outro lado, criticou, o PRR em Portugal está "totalmente orientado" para a despesa a corrente, "do dia-a-dia", e não para a recuperação e resiliência, deixando um exemplo.

"Consertar o telhado do Museu do Chiado é uma das verbas do PRR, com 1,8 milhões de euros. Isto é recuperar edifícios, não é recuperar a economia", considerou.

O "vice" do PSD referiu-se ainda a um relatório do Tribunal de Contas segundo o qual "o controlo e a avaliação de gastos não estão devidamente assegurados em Portugal".

Na segunda etapa do Road to Recovery – uma iniciativa conjunta dos Grupos do Partido Popular Europeu no Parlamento Europeu e no Comité das Regiões e das Delegações do PSD e do CDS-PP no Parlamento Europeu também participou a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Ayuso, que Rangel apresentou como "uma das políticas mais inspiradoras do PPE e da Europa".

Na sua intervenção, centrou-se sobretudo nas políticas que tem desenvolvido na região de Madrid desde 2019, mas deixou também um apelo mais global.

"Queria pedir às democracias liberais que nos cuidemos umas às outras, o que acontece numa é tarefa de todos, senão o mundo converte-se num lugar mais pequeno", afirmou, prevendo que "a solidão vai ser a grande pandemia do século XXI"

Ayuso apelou à luta contra "o adormecimento, o medo", a favor da "cultura de esforço", e disse esperar um "muito bom resultado" em Madrid nas eleições locais e regionais de 28 de Maio.

"O que estamos a fazer em Madrid é defender a vida e a liberdade. Madrid está mais na moda do que nunca", afirmou, dizendo que foi "graças a governos do Partido Popular" que foi possível baixar impostos na região e retirar entraves económicos e às actividades comerciais.

A primeira edição do Road to Recovery realizou-se em 2022 em Varsóvia. Depois de Lisboa, a próxima etapa será em Madrid.

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