Os Caminhos da violinista Malú Garcia vão passar por Benfica e pelos fados

Violinista clássica apresenta no Auditório Carlos Paredes um disco nascido de um projecto de fusão onde entram fado, morna, tango e jazz. Esta sexta-feira, às 21h30.

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Malú Garcia DR

A antestreia foi em Outubro de 2021, mas nessa altura o disco era apenas um projecto, com alguns temas publicados nas plataformas digitais. Agora, passado pouco mais de um ano e já com o disco pronto, a que chamou Caminhos, a violinista Malú Garcia vai apresentá-lo ao vivo, na íntegra, no Auditório Carlos Paredes, em Benfica (Lisboa), esta sexta-feira, às 21h30. Com ela (no violino), estarão Rui Poço (guitarra portuguesa), Ricardo Marques (contrabaixo), Pedro Baião (piano) e Sebastian Scheriff (percussão). Como convidada, a fadista Teresinha Landeiro.

Ligada desde a infância à música clássica, cujo território não abandonou, Malú Garcia quis desde 2020 experimentar outros caminhos (daí também o título do disco) e das experiências que ia fazendo nasceram músicas que, aos poucos, nos iam mostrando o alcance do projecto. E foi assim que fomos ouvindo Lágrima d’vinho ou Paradigmas (compostos por ela em parceria com Pedro Baião), Dois mundos (Daniel Hall), Carmim ou Samboco (ambos de Pedro Baião), todos eles lançados em single e com videoclipes publicados no YouTube. A estes cinco temas, juntaram-se mais dois para compor Caminhos, o álbum de estreia deste projecto de Malú Garcia: Violin del Bobe (composto por Sebastien Scheriff) e Mal ou bien (João Gaspar).

Da clássica à world music

Nascida em Lisboa, no dia 16 de Novembro de 1994, Malú viveu até aos 10 anos em São Pedro da Cadeira, Torres Vedras, terra natal dos pais, daí tê-la escolhido para a antestreia deste seu projecto, em 2021. Iniciou os seus estudos musicais aos 6 anos na Academia de Música de Santa Cecília, em Lisboa, onde hoje lecciona, começando a tocar violino aos 8. Participou em masterclasses com professores em Portugal, Inglaterra, Alemanha, País de Gales e Espanha.

Em 2013, foi seleccionada para a Jovem Orquestra Portuguesa e em 2014 para integrar na Young Franco-German-Hungarian Philharmonics com o maestro Nicolaus Richter. Em 2015, terminou a licenciatura na Universidade de Évora em Música, ramo do violino, com o professor Valentin Stefanov; e entre 2016 e 2018 foi bolseira pela Royal Welsh College of Music and Drama em Cardiff, no Reino Unido, onde tirou uma Pós-Graduação em Performance (Violino) e onde foi seleccionada para o ensemble String Soloists, aí trabalhando com maestros como Valery Gergiev. Colabora regularmente com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Sintra Estúdio de Ópera e a Orquestra Sem Fronteiras.

Até ao mundo dos fados

O que a levou, com toda esta experiência, a enveredar por outros caminhos musicais, já ela o explicou numa entrevista ao PÚBLICO, em 2021: “Sempre que estive em orquestras, a tocar a música dita clássica, pensei que faltava alguma coisa. Imaginava como seria se estivesse a tocar aquilo num ambiente de world music, com uma guitarra portuguesa, porque não? E decidi aventurar-me a fazer coisas diferentes com o violino, aplicando novas técnicas, novos estilos. Porque este é um mundo completamente diferente daquele a que eu estava habituada.”

Agora, com Caminhos concluído, ela recorda como decorreu o processo que e levou ao disco: “Tinha pensado em onze temas, mas fui mudando de ideias. Cheguei a ter quinze temas, depois reduzi para seis e acabou por ficar com sete. Mas todos eles vão ao encontro do título do álbum. Dois mundos refere-se aos caminhos; Paradigmas tem que ver com a forma como a sociedade encara o violino, um instrumento dito clássico que afinal consegue chegar a outros géneros; Carmim é um tango; Samboco junta o samba com o barroco; em Violin del Bobe a percussão tem um papel fundamental; e Mal ou bien é um tema mais minimalista, onde a melodia se vai repetindo de formas diferentes.” Como no mal-me-quer, bem-me-quer a que o título alude.

No Auditório Carlos Paredes, cujo concerto vai ser gravado, serão tocados todos os temas do álbum, “alargados com vários solos”, a que se juntarão dois temas cantados pela fadista Teresinha Landeiro. Depois deste concerto, que vai ser “como uma sala de estar, intimista e agradável”, Malú Garcia e os músicos tencionam rodar o disco pelo país, “mesmo pelas ilhas”, estando em fase de confirmação, ou mesmo assentes, novas datas em Maio, Junho e Setembro, algumas no âmbito dos festivais de Verão.

Até porque Caminhos abre portas a novos caminhos, como Malú Garcia reconhece: “Na verdade, eu estava a acabar este disco e já estava a pensar num próximo. Sei que não me posso precipitar, até porque quero mostrar este disco e tocá-lo muitas vezes. Mas o próximo já está na minha cabeça e gostava que fosse agora ao mundo dos fados.”

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