Marido de co-piloto nepalesa também tinha morrido em acidente de avião

Acidente que matou pelo menos 70 pessoas no domingo, incluindo o piloto e a co-piloto, foi o pior dos últimos 30 anos.

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Familiares de vítimas da queda de avião no Nepal Reuters

Anju Khatiwada, a co-piloto do avião que se despenhou no domingo no Nepal, matando todas as 72 pessoas a bordo, decidiu pilotar aviões após a morte do marido – que morrera quatro anos antes quando o pequeno avião que pilotava se despenhou minutos antes de aterrar. No domingo, Khatiwada, 44 anos, morreu também num acidente de avião.

Khatiwada pilotava desde 2010 na mesma companhia aérea em que o marido tinha antes trabalhado, a Yeti Airlines. Tinha mais de 6400 horas de voo.

“O seu marido, Dipak Pokhrel, morreu em 2006 num acidente de um avião Twin Otter da Yeti Airlines em Juma”, disse o porta-voz da companhia aérea Sudarshan Bartaula à agência Reuters. “Ela fez o seu treino com o dinheiro que recebeu do seguro após a morte do marido”, especificou, viajando até aos Estados Unidos para a formação, nota a CNN.

Na altura da morte do marido, Khatiwada ficou sozinha com uma criança pequena e o luto foi a sua força motivadora, diz a BBC. “Era uma mulher determinada que fez por concretizar os seus sonhos, e os do marido”, disse à emissora britânica Santosh Sharma, familiar de Khatiwada.

A companhia aérea tinha apenas seis mulheres como piloto, entre elas Khatiwada. “Ela era capitã e fazia voos sozinha”, disse ainda o porta-voz da companhia aérea, desta vez à BBC. “Era uma mulher corajosa.”

Mais tarde, Khatiwada voltou a casar e teve mais um filho, enquanto continuava a pilotar, um trabalho que adorava. “Que ela e o seu primeiro marido tenham morrido ambos deste modo é uma tragédia dentro da tragédia”, comenta a jornalista da BBC no local, Rajini Vaidyanathan.

Esta terça-feira, decorriam ainda buscas pelos corpos de duas pessoas que não tinham sido encontrados.

Não é raro haver acidentes de avião no Nepal. Segundo a Reuters, morreram já, desde 2000, perto de 350 pessoas em acidentes de aviões ou helicópteros no país.

Embora as mudanças súbitas das condições meteorológicas ajudem a explicar alguns dos casos, há problemas relacionados com legislação e regulamentos pouco sólidos no sector, e ainda falta de investimento nos equipamentos e na sua manutenção.

Os aviões das companhias aéreas nepalesas estão proibidos, desde 2013, pela União Europeia de entrar no espaço aéreo dos seus 27 Estados-membros, por motivos de segurança.

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