Natal, a grande festa de termos de nos aturar uns aos outros

Num mundo ideal, num Natal próximo o tio facho e o cunhado homofóbico estarão diferentes. Desistir é mais doloroso do que aturar.

Vivemos em proximidade apenas com aqueles que pensam como nós. São esses que procuramos para amigos e para interagirem connosco nas várias plataformas. Estamos cada vez mais afunilados. Nas redes sociais, temos os grupos dos comunistas, o dos bloquistas e o dos centro-esquerda, e as barreiras entre eles são feitas a granito. À direita, os fossos também existem. Mas diria que se notam menos. Talvez porque o que move a esquerda são projetos que têm acentuadas diferenças entre eles, enquanto a direita anda na disputa pelo pódio de quem mais critica o marxismo cultural. Ninguém procura aproximações. Isto não acontece só em política. Há exceções; amizades improváveis, mas elas reluzem e dão nas vistas de tal forma que confirmam a regra de que aquilo não é suposto. Ficamos com a convicção de que é mesmo possível viver num mundo em que todos foram escolhidos a dedo para não nos contrariarem com as suas opiniões. E isso acontece se não forem inteiramente coincidentes com as nossas. Facílimo.

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