Enfermeiros do NHS, um exemplo já histórico

Em Portugal, tal como no Reino Unido, a enfermagem pode ser um poderoso agente de mudança e evolução do SNS. Assim haja vontade política de promover as mudanças necessárias.

Nos passados dias 15 e 20 de dezembro, os enfermeiros e enfermeiras do Reino Unido fizeram a sua primeira greve nacional em 74 anos de história do Serviço Nacional de Saúde (NHS), em resposta a mais de uma década de desinvestimento no serviço público e à perda real do poder de compra. Apoiados pelas suas comunidades, centenas de milhares de profissionais aderiram aos protestos, transformando-os nos maiores de sempre no país.

A opção política de não investir no NHS, as necessidades não satisfeitas de reforço das equipas, colocando em risco a prestação de cuidados com qualidade, e a quebra de 10% no salário real em relação ao praticado há dez anos, estão na origem desta resposta sem precedentes.

Muitos dos grevistas são enfermeiras e enfermeiros portugueses como nós, a quem o desinvestimento crónico em Saúde empurrou para a emigração. Saudamos a luta dos colegas do NHS, nossos compatriotas ou não, e enviamos-lhes votos de sucesso e solidariedade. Apoiamos a sua luta por uma profissão que não seja desvalorizada nem obrigada a trabalhar em risco, reconhecendo que na base destas exigências está a defesa do direito de cidadãos e cidadãs ao acesso a cuidados seguros e de qualidade.

Os motivos para esta histórica paragem não nos são distantes: todos os dias sentimos os efeitos nefastos de décadas de escassez de investimento no serviço público de saúde, da desadequação dos rácios enfermeiro/utente ou da perda salarial, que por cá atinge uns impressionantes 20%, ou da falta de uma carreira adequada à responsabilidade e risco desta profissão. Todos e todas nós subscrevemos a necessidade e a urgência de mobilização, reforço e otimização da intervenção dos enfermeiros e enfermeiras para salvar o SNS.

Também nós exigimos reformas construtivas e respeito. Queremos trabalhar com segurança e dignidade. As nossas carreiras têm de ser revistas e as progressões deixarem de ser uma miragem. Merecemos mais condições para conciliar a nossa profissão com a vida familiar.

Em Portugal, tal como no Reino Unido, a enfermagem pode ser um poderoso agente de mudança e evolução do SNS, dando um contributo essencial para aumentar a acessibilidade aos cuidados de saúde. Assim haja vontade política de promover as mudanças necessárias.

Os subscritores

1. Mário André Macedo
2. Maria Augusta Sousa
3. José Carlos Martins
4. Lúcia Leite
5. Carlos Ramalho
6. Guadalupe Simões
7. José Carlos Gomes
8. Lucília Nunes
9. Manuel Lopes
10. Leila Sales
11. Rui Carlos Santos
12. Maria José Pinheiro
13. João Fernandes
14. Ana Alves de Brito
15. Luís Mós
16. Graça Machado
17. João Quintela
18. Armandina Antunes
19. Bruno Noronha Gomes
20. Fernanda Lopes
21. Gonçalo Cabral
22. Isabel Gonçalves
23. Adelina Valfreixo
24. Adriana Lopera
25. Alexandre Sobral
26. Almudena Martin Moyano
27. Ana Albuquerque Queiroz
28. Ana Almeida Gama
29. Ana Bastos
30. Ana Carla Coelho
31. Ana Catarina Santos
32. Ana Loff
33. Ana Raquel Costa
34. Ana Rita Gomes
35. Ana Teresa Quevedo
36. André Beja
37. Ângela Faria
38. Arminda Monteiro
39. Artur Marona Beja
40. Audrey Edet
41. Barbara Carvalheda
42. Benvinda Pedroso
43. Bruno Romão
44. Catarina Cabral
45. Catarina Caldeira
46. Cláudia Ferreira
47. Cláudia Luís
48. Daniel Lanzas
49. Débora Almeida
50. Denise Madeira
51. Denise Pinto
52. Diana Pereira
53. Elsa Caveirinha
54. Elsa Menoita
55. Fátima dos Santos Pereira
56. Fátima Lavrador
57. Fátima Prior
58. Fernanda Reis
59. Fernando Santana
60. Filipa Santos
61. Filipe Gama
62. Gabriela Mora Viera
63. Generosa Matias
64. Gisela Almeida
65. Gumersindo Gi
66. Helena Margarida Melo
67. Inês Figueiredo
68. Inês Guimarães
69. Jéssica Pacheco
70. Joana Baltazar
71. Joana Pires
72. Joana Ramos
73. João Mendes
74. João Quintinha
75. João Silva
76. João Trapola
77. Joel Marques
78. Jorge Carvalho
79. Jorge Rebelo
80. José Carlos Santos
81. Leonardo Trancoso
82. Luciano Ornelas
83. Luís Carvalho
84. Márcia Oliveira
85. Maria Graça Tavares
86. Maria João Leite
87. Maria João Neto
88. Maria Ribeiro
89. Mariana Piló
90. Marília José Lopes
91. Marina Dias Afonso
92. Marta Couto
93. Marta Faleiro
94. Marta Fonseca
95. Neuza Reis
96. Nuno Miguel Gouveia
97. Nuno Oliveira
98. Orlanda Silva
99. Patrícia Barbosa
100. Patrícia Félix Martins
101. Paulo Cunha
102. Paulo Pinto
103. Paulo Santos
104. Pedro Alves
105. Pedro Lopes
106. Pedro Silvestre
107. Ricardo Tomé
108. Rita Palma
109. Rita Silva
110. Rogério Gonçalves
111. Rui Bacelos Silva
112. Rui Moreira
113. Sara Caldeira
114. Sara Sá Silva
115. Sofia Roldão
116. Sofia Roque
117. Sónia Pinto
118. Stephanie Rodrigues
119. Susana Inês Carvalho
120. Tânia Sofia Martins
121. Tatiana Cristina Oliveira
122. Tiago Ramos
123. Tiago Subtil
124. Vera Mouzinho
125. Vera Ramos

Os autores escrevem segundo o novo acordo ortográfico

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