Colunas inteligentes ajudam a combater solidão

Relatório britânico mostra como colunas com assistentes digitais inteligentes ajudam pessoas que vivem sozinhas a sentirem-se mais independentes e menos sós.

Foto
As colunas da Amazon, com a assistente Alexa, estão entre as mais utilizadas DR

As colunas inteligentes e, mais especificamente, a voz das assistentes digitais nelas instaladas, podem ajudar as pessoas que vivem sozinhas a sentirem-se menos isoladas. Os aparelhos também dão uma maior sensação de independência a pessoas com deficiências que precisam de cuidadores a tempo inteiro. A conclusão é de um estudo de Dezembro encomendado pela Ofcom, a entidade reguladora da comunicação do Reino Unido, que acompanhou 115 utilizadores da tecnologia no país ao longo de quase um mês – 13% dos participantes nunca tinham usado os aparelhos antes.

O objectivo era perceber porque é que cada vez mais pessoas procuram colunas inteligentes e como é que as usam. As conclusões mostram que vários participantes vêem as colunas como uma companhia, particularmente se vivem sozinhos. Muitos antropomorfizam os aparelhos, referindo-se às colunas como “elas” ou “eles”, que os ajudam a ouvir música, notícias e procurar informação.

O estudo do Reino Unido chega numa altura em que o mercado das colunas inteligentes está a crescer. Segundo um relatório de Novembro da analista de mercado Brandessence, a proliferação generalizada da Internet e o aumento da literacia digital contribui para a popularização destes aparelhos em todo o mundo. Em Portugal, a Fnac e a Worten têm várias opções a partir dos 40 euros, com a Deco (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor) a começar a incluir referências às mesmas nos seus guias sobre casas com ecossistemas inteligentes.

Para além de tocar música e responder a perguntas (com base em informação online), estes “assistentes” redigem notas, marcam reuniões ou apontamentos em calendários online e controlam outros equipamentos. As opções da Amazon, com a assistente digital Alexa instalada, são as mais populares, mas há quem use as colunas da Google, Apple, Samsung, Sony e Meta.

O estudo também mostra que as colunas inteligentes ajudam pessoas com deficiência a sentirem-se mais independentes. “É como ter um amigo”, disse um dos participantes citado pela Ofcom. Faz realmente a diferença para manter a independência”, disse outro. “Os meus cuidadores não têm de se levantar a cada cinco minutos. Esta noite, pude simplesmente pedir-lhe [à coluna] que acendesse as luzes. Antes de ter essa possibilidade, eu teria de pedir a alguém.”

A amostra incluía pessoas com mais de 16 anos, com pelo menos dez pessoas por cada faixa etária (da faixa dos 16-24 anos à faixa dos maiores de 65). Entre os 100 participantes havia pais de crianças pequenas, pessoas provenientes de minorias étnicas, pessoas que não falavam inglês como primeira língua e pessoas com problemas de saúde crónicos.

O estudo da Ofcom não é único no mundo. Um trabalho de Novembro de 2022, realizado por investigadores da Coreia do Sul e publicado na revista académica Technology in Society, analisou a associação entre colunas inteligentes e situações de depressão e solidão excessiva em idosos que vivem sozinhos. Os resultados, com base no acompanhamento de 291 pessoas, mostram que as colunas ajudavam tanto no caso de o utilizador exibir sintomas de depressão como sintomas de solidão. Já em 2019, um estudo publicado na Associação para Máquinas de Computação (ACM) realçava que a criação de colunas inteligentes com características “humanas” era importante para pessoas que vivem sozinhas.

Privacidade e segurança

Há, no entanto, algumas preocupações relativamente a estes aparelhos, particularmente devido à quantidade de dados acumulados. Em 2019, a segurança das colunas inteligentes Amazon Echo e Google Home foi posta em causa depois de ambas as empresas terem autorizado o uso de várias aplicações modificadas que permitiram espiar e roubar as palavras-passe dos utilizadores nas suas lojas online. As apps vinham disfarçadas de serviços de horóscopo e sorteios inócuos que, depois de serem aprovadas, eram modificadas para conseguir roubar informações pessoais.

Os utilizadores não chegaram a ser prejudicados, porque os atacantes tinham boas intenções. A equipa de cibersegurança Security Research Labs (SLR), com sede em Berlim, queria alertar as tecnológicas para a necessidade de melhorarem o processo de triagem de serviços para as colunas. Muitas pessoas continuam, no entanto, sem perceber a capacidade dos sistemas para angariar informação.

A equipa da Ofcom reconhece que as colunas inteligentes “desempenham um papel importante no combate à solidão”, mas alerta para a “dependência gradual dos dispositivos” sem que os utilizadores tenham “ponderado os riscos”. A solução é continuar a investir na literacia digital.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários