Apoio de 240 euros: Chega lembra “classe média” e IL fala em “falhanço total”

Rui Rocha afirma que “não é possível aceitar que haja tantas pessoas em situação de carência e que precisem deste tipo de medidas”.

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André Ventura lembrou a classe média a propósito do apoio de 240 euros Nuno Ferreira Santos

O presidente do Chega considerou esta quarta-feira positivo o apoio extraordinário de 240 euros para um milhão de famílias, anunciado pelo primeiro-ministro, mas defendeu que a "classe média" também deve ser contemplada. A IL, por sua vez, afirmou que haver um milhão de famílias vulneráveis a necessitar de um novo apoio extraordinário "revela um falhanço total das medidas económicas e sociais".

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, André Ventura disse que "todo o apoio que vier do Governo para as famílias nesta altura é um apoio positivo", mas criticou os critérios definidos para a distribuição.

"Até agora sabemos que estes 240 euros serão atribuídos a quem tenha prestações mínimas ou beneficie da tarifa social da electricidade. Este é um mau critério, nós temos muita família da classe média neste momento com dificuldades em pagar a prestação da casa ou o cabaz familiar", considerou.

André Ventura apelou ao Governo para que "inclua a classe média neste apoio", propondo que sejam abrangidas as famílias que tiveram "um aumento acima dos 30% da prestação da casa e a taxa de esforço ultrapassa os 40% face ao rendimento do agregado".

O presidente do Chega propõe que seja tido também em conta o "número de membros do agregado familiar e a dificuldade em sustentá-los face às despesas escolares, familiares e hospitalares, ou ainda a taxa de esforço das famílias para pagar as despesas essenciais".

Ventura criticou que, com os critérios definidos, o executivo "permitirá que os mesmos de sempre continuem a receber apoios do Governo e que outros que efectivamente também precisam não o recebam".

O líder do Chega indicou também que o partido vai pedir que o assunto seja discutido no Parlamento "para mostrar que a classe média tem de estar dentro destes apoios", sustentando que "não pode estar fora, nomeadamente quando tanta da classe média, face ao aumento da prestação da casa, neste momento se encontra praticamente na mesma situação que muitos que recebem essa prestação mínima".

E apontou que esta parcela da população, "com juros e inflação, se encontra cada vez mais depauperada". Questionado sobre quantas pessoas poderiam ser abrangidas com este alargamento, André Ventura não soube precisar.

"Falhanço total"

A IL defendeu, por seu lado, que haver um milhão de famílias vulneráveis a necessitar de um novo apoio extraordinário "revela um falhanço total das medidas económicas e sociais" que o PS tem adoptado, considerando "absolutamente lamentável" esta "pobreza recorrente e persistente".

Em declarações à agência Lusa, o deputado Rui Rocha reagiu ao anúncio do primeiro-ministro considerando que apoios direccionados às pessoas mais carenciadas "fazem sentido em momento de crise" como o actual. "O que não faz sentido é que estejamos a falar de um milhão de famílias, ou seja, dois milhões, três milhões de pessoas, que têm necessidade desse apoio", lamentou.

Para Rui Rocha, "é inaceitável" que, ao fim de sete anos de governação de António Costa, ainda haja "dois, três milhões de portugueses que precisam deste tipo de medidas".

"Isso é absolutamente lamentável, revela um falhanço total das medidas económicas e sociais que nomeadamente o PS tem adoptado. Esta pobreza recorrente, persistente, de que não se consegue fazer libertar as pessoas, é de facto constrangedor numa sociedade que nós queremos que seja uma sociedade digna e uma sociedade com equilíbrio entre as pessoas que a compõem", enfatizou.

O deputado liberal afirmou ainda que "não é possível aceitar que haja tantas pessoas em situação de carência e que precisem deste tipo de medidas" e perguntou a António Costa "como é que ele se sente quando recorrentemente há este tipo de situações a abranger muito mais pessoas do que aquilo que seria aceitável".

"Cada vez que alguma coisa destas acontece é o reconhecimento implícito do falhanço na gestão do país, no falhanço da gestão social e económica do país", disse.

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