Marcelo: “Professores queixam-se muitas vezes com razão das suas condições”

Presidente da República falou com docentes em protesto em escola em Ourém.

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Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido por um grupo de professores em greve LUSA/PAULO CUNHA

O Presidente da República salientou o papel dos professores na sociedade e considerou que, “muitas vezes”, se queixam “com razão” das suas condições. Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na Escola Básica e Secundária de Ourém, onde estava um grupo de docentes em protesto.

“Os professores são fundamentais para garantir a justiça, igualdade e o progresso do país. Queixam-se muitas vezes com razão das suas condições, naturalmente é uma preocupação que eu, como professor, acompanho desde sempre, é uma preocupação muito justa”, disse aos jornalistas, depois de ser recebido por professores que estão no segundo dia de greve por tempo indeterminado convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP) em protesto contra as mudanças que estão a ser discutidas para alterar o modelo de recrutamento de docentes.

O chefe de Estado adiantou que os docentes “estão a pensar sobretudo nos professores do básico e do secundário”, mas o problema é geral “a todos os graus de ensino”.

“É uma preocupação, em muitos casos, muito justa”, declarou, considerando que “os professores são do mais importante” que o país tem, “conjuntamente com o pessoal de saúde, dentro da função pública, porque tudo começa na saúde e depois continua na educação”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, as duas áreas “estão muito ligadas e são fundamentais para garantir a justiça, a igualdade e o progresso do país”.

À chegada, professores e alunos cantaram os parabéns ao Presidente da República, que completou nesta segunda-feira 74 anos, e uma professora em protesto entregou ao Presidente da República livros escritos por um aluno da escola. “Esses são os méritos da escola”, declarou a docente ao chefe de Estado, ao que Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Em particular da escola pública.”

Sobre a oferta, disse que “é o melhor presente” que lhe podiam dar. “Eu adoro livros, sou professor e um livro de um aluno quer dizer muito sobre aquilo que os professores fazem todos os dias e, muitas vezes, em condições dificílimas”, referiu, apontando, por exemplo, a pandemia de covid-19 ou os problemas que têm no seu estatuto.

Cerca de 40 professores concentraram-se nesta segunda-feira de manhã junto à Escola Básica e Secundária de Ourém, no distrito de Santarém, onde o Presidente da República esteve a dar uma aula debate.

O STOP convocou uma greve por tempo indeterminado, desde 9 de Dezembro, em protesto contra as propostas de alteração aos concursos e para exigir respostas a problemas antigos. Em comunicado, o sindicato, que representa cerca de 1300 docentes, refere que a “forma de luta inédita” resulta de uma sondagem realizada no blogue ArLindo, em que 1720 pessoas apoiaram a realização de uma greve por tempo indeterminado.

Entre as principais reivindicações, o STOP aponta “questões fundamentais do passado não resolvidas”, defendendo, desde logo, a contabilização de todo o tempo de serviço, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões e a possibilidade de aposentação sem penalização após 36 anos de serviço.

Critica também as alterações recentes ao regime de mobilidade por doença, as ultrapassagens na progressão da carreira docente e reivindica soluções para os professores em monodocência e uma avaliação sem quotas.

A greve é igualmente uma resposta às propostas do Ministério da Educação para a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente, que está a ser negociada entre a tutela e os sindicatos do sector.

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