Gomes Cravinho garante que seguiu “os procedimentos” com investigações na Defesa

Ministro dos Negócios Estrangeiros comentava os desenvolvimentos da operação Tempestade Perfeita que resultou em cinco detenções, entre as quais de três altos quadros da Defesa.

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João Gomes Cravinho, actual ministro dos Negócios Estrangeiros, tutelava a Defesa no período durante o qual decorreu a investigação LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, garantiu esta segunda-feira que seguiu "os procedimentos" relativamente à investigação que envolve o Ministério da Defesa, que liderou antes de transitar para a actual tutela, reiterando ser um "momento de justiça".

"Eu segui os procedimentos. Quando recebi o relatório do Tribunal de Contas, aquilo que fiz foi enviar esse relatório para o Ministério Público para prosseguir as suas investigações, de acordo com aquilo que entendessem", declarou o chefe da diplomacia portuguesa.

Em declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas, à margem do Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE e da reunião ministerial com Parceria Oriental, o responsável reiterou que "este é o momento de justiça".

"Acho que não nos devemos envolver com comentário político sobre um procedimento judicial", disse João Gomes Cravinho, que acompanhou a situação quando esteve à frente do Ministério da Defesa.

João Gomes Cravinho comentava os desenvolvimentos da operação Tempestade Perfeita desencadeada na terça-feira pela Polícia Judiciária (PJ), em coordenação com o Ministério Público, que resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que tutelou a Defesa.

Fonte ligada à investigação confirmou na passada terça-feira à Lusa que o ex-director-geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) Alberto Coelho, o director de Serviços de Infra-estruturas e Património, Francisco Marques, e o ex-director da Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional Paulo Branco são os três altos quadros da Defesa detidos pelas autoridades.

Segundo a Polícia Judiciária, a operação, que envolveu o Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, foi realizada também no Porto, Alter do Chão, Almada e Comporta, levou à execução de 59 mandados de busca, dos quais 29 buscas domiciliárias e 30 buscas não domiciliárias, visando "a recolha de elementos probatórios complementares e relacionados com suspeitas de práticas criminosas no exercício de funções públicas, sob investigação".

O Ministério da Defesa Nacional, agora tutelado por Helena Carreiras, confirmou a presença da Polícia Judiciária e do Ministério Público nas suas instalações, na Direcção Geral de Recursos da Defesa Nacional, no âmbito de averiguações a actos praticados entre 2018 e 2021. Fonte policial adiantou à agência Lusa que "não há militares entre os 19 arguidos" deste processo.

O que é a operação Tempestade Perfeita?

A operação designada Tempestade Perfeita, de acordo com a Polícia Judiciária, é "uma investigação criminal cujo objecto visa apurar da eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção activa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efectuadas, por parte de organismo da Administração Central, a diversas empresas, as quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros".

Um dos cinco detidos é o ex-director-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do Hospital Militar de Belém.

Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros. A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspecção Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a actuação de Alberto Coelho.

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