Visualizada pluma de partículas que sai da sanita quando se puxa o autoclismo

Lasers de luz verde revelam-nos “nuvens” de pequeníssimas partículas que saem da sanita quando descarregamos o autoclismo.

Plumas de aerossóis que saem da sanita quando puxamos o autoclismo
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Plumas de aerossóis que saem da sanita quando puxamos o autoclismo JOHN CRIMALDI
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Plumas de aerossóis que saem da sanita quando puxamos o autoclismo JOHN CRIMALDI

Descarregar o autoclismo é mesmo daqueles gestos banais. Já nem damos quase por ele quando o fazemos. Nesse momento, há ainda algo mais que nem notamos: a pluma de aerossóis que sai da sanita e que é invisível a olho nu. Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos quis vê-la. Para isso, usou lasers para conseguir visualizar essa nuvem. Se as partículas mais pequenas acabam por se fixar numa superfície segundos depois de se puxar o autoclismo, as maiores podem ficar suspensas no ar durante minutos, ou até mais.

Não é uma questão menor: pequeníssimas partículas como os aerossóis – que não conseguimos ver a olho nu – são conhecidas por transportar agentes patogénicos e podem ser um problema para a saúde pública. Entre os agentes que podem transmitir estão o SARS-CoV-2 ou vírus da gripe. Pensando nas casas de banho, quais os aerossóis que podem sair das sanitas públicas?

John Crimaldi quis responder a essa questão. No seu laboratório da Universidade de Colorado em Boulder, tentou visualizar uma pluma de aerossóis numa sanita do estilo das que são encontradas frequentemente em casas de banho públicas ou unidades de saúde. Para isso, usaram-se lasers de luz verde para iluminar as plumas que eram ejectadas quando se puxava o autoclismo. Esses lasers mostraram o espaço onde estavam os aerossóis, bem como a sua velocidade e a direcção para onde iam. As câmaras revelaram-nos essas imagens com uma alta resolução.

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Laboratório onde as plumas de aerossóis foram estudadas Patrick Campbell

“Quando se puxa um autoclismo, pode-se produzir um jacto caótico [de aerossóis]”, começa por descrever John Crimaldi. Algumas dessas partículas podem alcançar uma velocidade de dois metros por segundo e chegar a 1,5 metros acima da sanita em apenas oito segundos. Mais: enquanto as partículas maiores podem assentar numa superfície em segundos, as mais pequenas (com menos de cinco micrómetros, sendo que cada micrómetro corresponde à milésima parte de um milímetro) podem permanecer em suspensão no ar durante minutos ou até mais.

E pode ser um risco esses aerossóis ficarem assim tanto tempo em suspensão? John Crimaldi diz que essas partículas microscópicas mais pequenas podem representar um risco elevado para a transmissão de doenças respiratórias. Já as maiores que se fixam com mais facilidade nas superfícies têm um risco de transmissão de doenças intestinais.

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Aaron True e John Crimaldi, dois dos investigadores da equipa que estudou agora as plumas de aerossóis em sanitas Patrick Campbell

Estudos anteriores já tinham usado instrumentos científicos para detectar a presença de aerossóis por cima das sanitas e saber qual a sua dimensão. Agora, de acordo com a equipa, visualizou-se como essas plumas podem ser. “Esta é a primeira vez que cientistas, e o público, conseguem mesmo ver como são as plumas de aerossóis”, assinala John Crimaldi, que publicou agora os resultados num artigo na revista científica Scientific Reports. “Os aerossóis emitidos quando se puxa o autoclismo espalham agentes contidos nas fezes, mas pouco se sabia sobre a sua evolução espácio-temporal dessas plumas ou a velocidade.”

O cientista considera que quantificar estas plumas e saber as suas velocidades pode ajudar a criar estratégias para se mitigarem essas “nuvens” na casa de banho. Quanto às casas de banho de cada um de nós, indica que essas não foram estudadas e que não consegue comentar como serão as plumas das sanitas aí. Mas não tem grandes dúvidas: “Estou certo de que as sanitas de habitações também emitem plumas de aerossóis.” O melhor mesmo é fechar o tampo da sanita.

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