São Francisco reverte permissão do uso policial de robôs capazes de matar

A proibição foi aprovada com mesmo número de votos que apoiou a medida, que pode ser agora alterada com limites ou mesmo abandonada totalmente.

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Alteração de robôs para usar força letal foi revertida em São Francisco REUTERS/Rick Wilking

Reviravolta em São Francisco. O Conselho de Supervisores, órgão do governo local da cidade do estado norte-americano da Califórnia, reverteu na terça-feira a decisão de permitir o uso pela polícia de robôs capazes de aplicar força letal em situações de emergência.

A medida proposta para reverter a decisão e proibir o uso destes robôs obteve a mesma maioria que a proposta para permitir este uso tinha obtido há uma semana atrás, com oito votos a favor e três contra.

A aprovação tinha sofrido duras críticas de grupos de direitos humanos e oposição acirrada dos três representantes, mais progressistas, que votaram contra.

Os supervisores opositores, segundo o jornal da cidade San Francisco Chronicle, tinham ainda ameaçado levar esta medida aos boletins de voto, algo que colocaria o destino da medida nas mãos dos eleitores numa futura votação, funcionando como um referendo nesta questão.

A associação da comunidade afro-americana SF Black Street tinha criticado a decisão na segunda-feira, na voz da sua co-fundadora Geoffrea Morris, citada pelo San Francisco Chronicle.

“Quando se armam robôs policiais para matar, está-se a aplicar a pena de morte sem o processo devido”, disse.

A supervisora Hillary Ronen, parte da facção opositora, saudou a medida como o prevalecimento do “senso comum”, no seu Twitter. Dean Preston, que também se tinha oposto, afirmou, numa declaração citada pelo mesmo jornal, que “o povo de São Francisco falou alto e claro: não há lugar para robôs policiais assassinos na nossa cidade”.

Já Gordon Mar, supervisor que tinha votado a favor da medida na primeira votação, escreveu no seu Twitter que se “arrependia”, pois, na última semana, tinha ficado “cada vez mais desconfortável” com a medida e o “precedente” que criaria “para outras cidades sem um compromisso de responsabilização da polícia” como tem São Francisco.

Agora, ainda segundo o San Francisco Chronicle, a norma que permite o uso de robôs letais tem dois destinos possíveis: ou é melhorada e limitada pela comissão do Conselho dedicada à criação de regras, ou é abandonada definitivamente, deixando em vigor a proibição votada na terça-feira.

Texto editado por Paulo Narigão Reis

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