Combater a corrupção é como “correr atrás de prejuízo”. Voltou o Festival Transparente

Conjunto de actividades decorrerão até sábado e procuram “enriquecer as ferramentas de combate ao fenómeno corruptivo”.

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Festival Transparente centrará o debate no combate à corrupção Ricardo Lopes

“Combater a corrupção é um bocado como correr atrás do prejuízo”, diz Nuno Cunha Rolo, mas nem por isso o combate deve deixar de ser feito. É por essa razão que a Tansparency International Portugal (TI), a que Cunha Rolo preside, tem organizado o ‘Festival Transparente’, cujo objectivo é “capacitar cidadãos e organizações empenhadas na promoção da transparência e da liberdade”. A nova edição do festival começou esta segunda-feira, em Almada, e decorre até ao próximo sábado, sendo as restantes actividades em Lisboa. Destaca-se a conferência da sexta-feira, na qual intervirá Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça.

O Festival Transparente, cuja primeira edição foi em 2017, propõe-se “celebrar a luta contra a corrupção” entre 5 e a 10 de Dezembro. Datas já “tradicionais”, segundo explica Nuno Cunha Rolo ao PÚBLICO: “O Festival decorre nesta semana porque nela comemoraram-se o Dia Internacional Contra a Corrupção, a 9 de Dezembro, e o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10”.

O objectivo do Festival é “discutir, partilhar ideias e reunir os governantes, activistas e responsáveis para enriquecer as ferramentas de combate ao fenómeno corruptivo”, assinala Cunha Rolo. Pretende, além disso, “chamar a atenção para os problemas que ainda persistem e para o que falta fazer”, notando que o “combate à corrupção é um pouco como correr atrás do prejuízo”.

“Queremos salientar na agenda mediática o fenómeno corruptivo — que é uma preocupação principal dos portugueses segundo os relatórios da OCDE”, declara ao PÚBLICO. “Quanto melhor for a governação das instituições, mais robustas e capazes são de evitar práticas corruptivas”, acrescenta.

“O símbolo mais íntegro”

Esta segunda-feira, pelas 19h30, tem lugar na Nordic Tavern, Rua Capitão Leitão 6A, Almada, a Tertúlia “Luz e Sombra na Web3: chaves e desafios na prevenção da opacidade”, onde se discutirá assuntos como as ‘blockchains’ ou as criptomoedas. Terça-feira, entre as 15h e as 16h30, organizar-se-á a visita guiada “Denunciante: A política do séc. XIX através do humor e da caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro”, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa.

No dia seguinte, tem início às 18h30, na Biblioteca Manoel Chaves Caminha, em Alvalade, um seminário do Grupo de Apoio e Discussão da Transparência Internacional Portugal sobre “A corrupção como violação de Direitos Humanos”. No feriado, quinta-feira, 8 de Dezembro, assistir-se-á ao filme “Salgueiro Maia – o Implicado” pelas 17h, na mesma biblioteca. Visto o filme, abrir-se-á um debate. “Salgueiro Maia é o símbolo mais íntegro, ético, despojado, liderante e corajoso da denominada Revolução de Abril”, lê-se na programação do evento.

É, contudo, sexta-feira que decorrerá o evento que Cunha Rolo destaca. A conferência “Anti-Corrupção e Boa Governação: o que falta fazer em Portugal?” começa às 9h30, termina às 17h, e terá lugar no Auditório Sedas Nunes (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa/ICS). “De manhã terá uma perspectiva mais institucional, com pessoas com responsabilidade políticas e públicas, e à tarde uma perspectiva mais cívica”, descreve Cunha Rolo ao PÚBLICO.

A conferência de sexta-feira terá uma intervenção inicial de Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça, seguindo-se um painel de debate em que estará presente, entre outros nomes, Alexandra Leitão, actual deputada e antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública. À tarde, abrir-se-á o espaço para a sociedade civil, intervindo nomes como Susana Coroado, investigadora do ICS, e José António Cerejo, jornalista. O encerramento da conferência ficará a cabo de Nuno Cunha Rolo.

Por fim, na manhã de sábado, dia 10, realizar-se-á um debate online sob o mote “Ética e Integridade na Política: Percepções, Controle e Impacto”.

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