Política anti-inflação de Biden preocupa Europa

Administração Biden lança subsídios a automóveis que desagradam a líderes europeus. Presidente norte-americano garante que ainda podem ser introduzidas excepções.

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Emmanuel Macron com Joe Biden em Washington Reuters/EVELYN HOCKSTEIN

Para além da influência que a actuação da Reserva Federal tem na política do Banco Central Europeu (BCE) e vice-versa, também a resposta dos governos à inflação tem o potencial para provocar danos do lado oposto do Atlântico.

A Lei para a Redução para a Inflação, proposta pelo presidente norte-americano e que terá de ser ainda aprovada pelo Congresso, pôs os líderes europeus em estado de alerta e fez de novo aumentar o risco de, a uma crise de subida de preços, se acrescentar ainda uma guerra comercial, algo que pode ter também como consequência preços mais altos para os consumidores.

O problema denunciado por vários governos europeus é que a lei proposta pela Administração Biden prevê um apoio fiscal à compra de determinados produtos, como carros eléctricos, mas desde que estes sejam produzidos nos EUA. É uma medida destinada a reduzir os preços e a diminuir a dependência energética dos EUA, mas que ao mesmo tempo acaba também por ser uma medida proteccionista e que, especialmente no caso da indústria automóvel, tem o potencial para penalizar seriamente algumas das maiores economias europeias.

É por isso que, esta semana, na visita do presidente francês aos Estados Unidos, este foi um dos principais temas em discussão. Emmanuel Macron tinha como missão demonstrar o seu descontentamento junto do seu homólogo norte-americano e aquilo que conseguiu foi, pelo menos, a promessa de Biden da realização de algumas “correcções” à lei proposta. “Não era nossa intenção excluirmos os países europeus quando redigimos este texto”, disse Joe Biden, assumindo a possibilidade de virem a ser introduzidas “excepções”.

O problema pode estar contudo naquilo que o Congresso dos EUA pode estar disposto a aceitar a este nível, já que, nem entre os Democratas nem entre os Republicanos, parece existir vontade de assumir uma política comercial aberta com os europeus.

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