As cartas armadilhadas em Espanha explicadas em cinco perguntas e respostas
Depois do incidente ocorrido na embaixada da Ucrânia, eis o que se sabe até agora sobre as seis cartas armadilhadas que chegaram a várias entidades, incluindo a residência oficial de Pedro Sánchez.
Nos últimos dias, seis cartas armadilhadas chegaram a várias entidades do Estado espanhol, a duas embaixadas e a uma empresa de armamento. A primeira foi entregue no dia 24, na residência oficial do presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.
A quem se destinavam as cartas?
As cartas destinavam-se a várias entidades do Governo e do Exército espanhol e a embaixadas de dois países. Os destinatários eram o presidente do Governo de Espanha Pedro Sánchez; o embaixador da Ucrânia em Madrid; uma empresa de armamento em Saragoça; o Centro de Satélites da União Europeia em Torrejón de Ardoz, na região de Madrid; à ministra da Defesa espanhola Margarita Robles e à embaixada dos Estados Unidos da América.
Chegaram ao destino? Causaram estragos?
Todas as cartas chegaram ao seu destino, mas nem todas deflagraram, de forma controlada ou descontrolada.
O envelope enviado para a embaixada da Ucrânia foi o único que não foi interceptado, tendo explodido e ferido ligeiramente um funcionário ucraniano. A maioria foi detonada em segurança pelas brigadas de minas e armadilhas (conhecidas em Espanha como unidades TEDAX).
Os explosivos nas cartas segundo o secretário de estado da Segurança espanhol, Rafael Pérez, são de fraca capacidade explosiva, sendo mais aproximados de materiais pirotécnicos que só causam uma deflagração.
Só a carta recebida no Centro de Satélites de Torrejón de Ardoz não foi detonada, estando sob análise da polícia para possíveis análises de ADN, segundo a televisão espanhola La Sexta.
Quando foram recebidas as cartas?
Foram recebidas nos últimos dias, tendo a primeira sido a destinada ao presidente do Governo e recebida no passado dia 24 de Novembro na sua residência oficial, o Palácio de Moncloa, em Madrid. No entanto, só foi revelado o envio da carta depois da deflagração na Embaixada da Ucrânia na quarta-feira, dia em que também foi recebida a carta na empresa de armamento em Saragoça. Já na quinta-feira, foram recebidos os envelopes dirigidos ao Centro de Satélites, à ministra da Defesa e à embaixada dos EUA.
Quem as enviou?
Até ao momento, não há informações sobre quem terá enviado as cartas. No entanto, o secretário de estado da Segurança afirmou na quinta-feira que havia “indícios de podiam vir do próprio território espanhol”, confirmando ainda que havia semelhanças nas características dos envelopes, como a caligrafia usada e a cor castanha, e também no conteúdo pirotécnico.
Como reagiram as autoridades espanholas e dos países envolvidos?
Segundo o site InfoLibre, o tribunal espanhol com competência para julgar crimes de terrorismo estará a investigar estes seis incidentes em conjunto. No entanto, o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska pediu “tranquilidade máxima”, afirmando que têm “os meios suficientes para garantir a segurança”, acrescentando que não houve nenhuma “falha de segurança”.
A embaixada norte-americana, citada pela televisão pública dos EUA, a PBS, afirmou que estavam “gratos à polícia espanhola” pela assistência no caso.
O embaixador da Ucrânia, Sergei Pohoreltsev, aponta o dedo à Rússia, referindo ao site ucraniano European Pravda, que conhecem os “métodos terroristas do país agressor”, pedindo que a Rússia seja mesmo considerada “um estado terrorista”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dimitro Kuleba, condenou, num vídeo citado pela agência ucraniana Ukrinform, o “ataque terrorista”, considerando que era “um evento muito sério” e pedindo que os culpados “sofram um castigo severo”, tendo ordenado aumento do nível de segurança das embaixadas, que receberam ainda, hoje, pacotes com olhos de animais.
A rádio Onda Cero destaca ainda o facto de a carta dirigida a Pedro Sánchez ter sido recebida no dia em que se cumpriam nove meses desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, bem como o facto do Centro de Satélites europeu fornecer informações ao país invadido.
A embaixada da Rússia, em resposta às alegações levantadas, condenou, no seu Twitter, “qualquer ameaça ou acto terrorista”, especialmente os “dirigidos contra uma missão diplomática”.
Texto editado por Paulo Narigão Reis