Ex-comandante da NATO fala em vulnerabilidades de segurança em portos alemães essenciais para a Aliança

Segundo o general Ben Hodges, um ataque cibernético a Bremerhaven e Hamburgo dificultaria o envio de soldados dos EUA. Entrada de chineses no capital de um terminal de Hamburgo traz mais ansiedade.

Foto
Terminal do porto de Hamburgo, na Alemanha Fabian Bimmer/Reuters

Um ciberataque russo contra os portos alemães de Bremerhaven e Hamburgo limitaria a capacidade da NATO de enviar reforços militares para os seus aliados. Quem o diz é Ben Hodges, general norte-americano na reforma que chefiou o Comando Terrestre Aliado da Aliança Atlântica e foi comandante das forças norte-americanas na Europa até à sua reforma em 2018.

“Bremerhaven e Hamburgo são na verdade os portos mais importantes dos quais a Aliança depende para o equipamento militar, não só carga comercial”, disse Ben Hodges à Reuters. O general há muito que tem alertado que a infra-estrutura civil é um pilar militar estratégico e que a cibersegurança é tão essencial como os sistemas de defesa antimíssil que protegem os portos alemães do Mar do Norte.

A Rússia tem atacado as infra-estruturas de comunicação e de electricidade na Ucrânia e em Outubro alertou que “a infra-estrutura semi-civil” poderia ser um alvo legítimo para um ataque retaliatório contra países que estejam a ajudar o esforço de guerra ucraniano.

O general Hodges diz que o ataque cibernético de 2017, conhecido por NotPetya e que foi atribuído à Rússia, abriu-lhe os olhos: “Foi quando percebi como estávamos vulneráveis.”

“Se não podermos usar Bremerhaven será muito difícil para os Estados Unidos reforçarem-se e cumprirem o seu papel nos planos operativos”, explicou o militar.

O facto de Alemanha ter aceitado que o grupo chinês COSCO Shipping Holdings compre uma parte das acções do principal terminal de Hamburgo também é visto pelo general na reforma como um risco. Essa presença chinesa provocou “muita ansiedade, porque uma vez que lá estejam, estão dentro do ecossistema do porto”.

No ataque de 2017, o gigante dinamarquês Maersk diz que o ataque provocou interrupções no seu sistema informático em todo o mundo, levando a empresa a deixar de saber onde estavam os seus navios.

“Saber que os chineses poderão vir a influenciar ou perturbar as actividades em infra-estruturas de transporte fundamentais é um problema”, acrescentou.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários