Fundação Côa Parque dispensa guias e vigilantes

Trabalhadores denunciam degradação das condições de trabalho provocada pela falta de pessoal.

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Gravura paleolítica no Parque Arqueológico do Vale do Côa Paulo Pimenta

Os trabalhadores da Fundação Côa Parque acusam a administração de estar a dispensar guias e vigilantes que estavam a desempenhar funções “essenciais”, e aos quais fora prometido “um vínculo laboral” menos precário.

“Neste dia em que lutam lado a lado com os restantes colegas da administração pública, os trabalhadores da Fundação Côa Parque denunciam a degradação das suas condições de trabalho, devida essencialmente à dispensa de pessoal essencial que se tem verificado nos últimos meses”, afirmam os trabalhadores num comunicado enviado esta sexta-feira à imprensa.

Três guias tinham já sido dispensados em Setembro, até ao final deste mês sairão três assistentes operacionais – dois já foram despedidos –, e em meados do próximo ano deverão, “se nada for feito”, ser dispensados mais três, alerta o comunicado.

Segundo o delegado sindical André Santos afirmou ao PÚBLICO, trata-se de um conjunto de trabalhadores que foram contratados na sequência da vandalização, em 2017, da gravura do Homem de Piscos, e aos quais o anterior presidente da fundação, Bruno Navarro, falecido no início de 2021, dera “perspectivas de um contrato mais seguro”.

Para lá da “imoralidade de recompensar desta maneira o trabalho excelente que estes colegas realizaram durante três anos”, André Santos sublinha que “estas pessoas estavam lá porque faziam falta” e que a sua saída “criou também um problema laboral, degradando as condições de trabalho”.

Segundo o comunicado, “a falta de pessoal” na Fundação Côa Parque, coloca em causa “a segurança e manutenção dos núcleos de arte rupestre, que voltam a não ter ninguém que assegure a sua vigilância, facilitando a ocorrência de novos actos de vandalismo como os que se verificaram na rocha 2 da Ribeira de Piscos em Abril de 2017”, e comprometem “a qualidade de vida dos guias que restam, cujas escalas os obrigam, por vezes, a ter meia hora para almoço”.

Vínculos precários, até quando?

Embora as tarefas se tenham multiplicado, observam os trabalhadores, o corpo de guias, que chegou a ter 16 elementos, é hoje constituído por apenas sete, um dos quais contratado recentemente a título precário.

E os restantes serviços da fundação estarão igualmente a ser afectados por falta de pessoal. “Saíram três investigadores e um quarto está à beira da reforma”, lê-se na nota enviada à imprensa, o que leva “os que restam a ter ainda de “acudir a outras tarefas”.

Lembrando que o ministro da Cultura, na sua passagem por Foz Côa, a 3 de Junho passado, notou que a situação dos “vínculos precários” na função pública “tem vindo a ser resolvida”, tendo então assegurado que “o Côa não será uma excepção”, os trabalhadores sublinham que a realidade parece desmenti-lo.

“Esta excepção”, argumentam, é ainda mais “gritante” neste momento em que é anunciada a contratação de 74 vigilantes para a área do Património Cultural, ao mesmo tempo que o Côa perde três, “encontrando-se outros três na lista do pré-desemprego”.

O comunicado conclui exigindo “a contratação de mais pessoal, mas com vínculos seguros que garantam a continuidade das suas tarefas e a dignidade de quem trabalha”.

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