O primeiro e único jogo de Portugal antes da partida para o Qatar

Selecção portuguesa, sem Cristiano Ronaldo, defronta nesta quinta-feira a Nigéria, em Alvalade. No dia seguinte, parte para o Qatar.

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Fernando Santos, seleccionador nacional LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Mundial que se realiza a partir do próximo domingo, no Qatar, será diferente de todos os outros que o antecederam por todas as razões e mais algumas. Uma dessas razões é a sua realização em pleno Outono, o que obrigou quase todas as selecções participantes, sobretudo as europeias, a fazer uma preparação acelerada. Foi o que aconteceu com Portugal, que teve a concentração na segunda-feira, irá fazer nesta quinta-feira o seu único jogo de preparação para o Mundial, em Alvalade, frente à Nigéria (18h45, RTP1), e, no dia seguinte, estará de partida para o Médio Oriente.

Será contra a Nigéria de José Peseiro que Portugal terá o único teste antes de fazer a sua estreia no Mundial, na quinta-feira da próxima semana, frente ao Gana. Um particular contra uma selecção africana que acontece, sobretudo, porque Portugal está pouco habituado a defrontar equipas daquele continente, como explicou Fernando Santos.

“Não é hábito as selecções europeias defrontarem equipas de três continentes diferentes. Temos mais hábitos com as sul-americanas. Esta equipa tem essa matriz, melhorou muito em termos tácticos e estratégicos. A Nigéria terá alguma coisa a ver com o Gana, de resto não. Não havia um leque muito alargado de equipas, o Peseiro também mostrou disponibilidade, foi uma escolha boa”, explicou.

É expectável que Fernando Santos faça algumas mudanças naquilo que será o seu “onze”-base para o Mundial. Uma ausência garantida é a de Cristiano Ronaldo, que, segundo informou o seleccionador, está a lidar com uma gastroenterite. Outra ausência quase certa do “onze” é a de Pepe, que se apresentou na concentração depois de uma lesão prolongada que o afastou dos relvados durante um mês – o central portista jogou cinco minutos no Boavista-FC Porto do último fim-de-semana.

A provável ida de Pepe para o banco abre espaço para a estreia na selecção A de António Silva, o jovem central que agarrou a titularidade no invencível Benfica desta época. Outro benfiquista que se pode estrear esta noite em Alvalade é Gonçalo Ramos, avançado que já leva 14 golos marcados esta época. E na baliza Santos poderá ainda promover a estreia de José Sá, que, em teoria, será o terceiro na hierarquia dos guarda-redes, atrás de Diogo Costa e Rui Patrício – o guardião do Wolverhampton já foi chamado várias vezes, mas ainda não tem qualquer minuto jogado.

“São coisas dele”

A entrevista de Cristiano Ronaldo ao jornalista britânico Piers Morgan, que vai fazendo manchetes em todo o mundo a cada clip divulgado, foi, sem qualquer surpresa, o assunto dominante da conferência de imprensa de Fernando Santos para antecipar o particular da selecção portuguesa. Mas Fernando Santos, a cada resposta que deu, fez por desvalorizar o impacto das palavras de CR7.

“É normal, já sei que serão sempre quatro ou cinco perguntas sobre o Cristiano Ronaldo. A entrevista não tem nada a ver com a selecção. Decidiu dar uma entrevista, são coisas dele. Tanto quanto sei, não fala da selecção, é uma entrevista muito pessoal que temos de respeitar. Temos de ter respeito pelo que os outros pensam desde que não interfira no nosso trabalho”, respondeu o seleccionador nacional a uma das perguntas sobre CR7.

Outra das perguntas tentou perceber junto de Santos se tinha tido conhecimento da entrevista antes de ser divulgada. “Não tinha de falar, nem informar-me a mim ou a selecção. Ele não é livre? O que é que isso afecta a selecção? Percebo a pergunta, mas… O que me interessa é o que se fala cá dentro e cá dentro só se fala do Qatar”, reforçou o seleccionador, a quem também perguntaram se havia alguma obrigação de colocar Ronaldo a titular. Não há, respondeu Santos. Nem ele, nem ninguém. “Não é uma questão de obrigação, ninguém é obrigado a nada. Acho que todos os jogadores que aqui estão têm condições para serem titulares, não me parece que haja obrigação de colocar quem quer que seja de início.”

Santos não se irá livrar tão cedo das perguntas sobre Ronaldo, cuja entrevista teve um impacto de tal modo abrangente que houve vários jornalistas estrangeiros a marcar presença na conferência de imprensa do seleccionador português.

Um jornalista britânico da Sky News chegou mesmo a perguntar se a gastroenterite, “uma daquelas desculpas que os jogadores costumam dar”, era verdadeira. “Se fosse outro jogador qualquer, não punha essa questão. É mesmo verdade, ele tem uma gastroenterite”, frisou Santos.

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