Fernando Santos e a entrevista de Ronaldo: “São coisas dele”

Seleccionador nacional diz que a entrevista de CR7 não afecta a preparação para o Mundial do Qatar.

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Fernando Santos, seleccionador nacional EPA/MANUEL DE ALMEIDA

A entrevista de Cristiano Ronaldo ao jornalista britânico Piers Morgan, que vai fazendo manchetes em todo o mundo a cada clip divulgado, foi, sem qualquer surpresa, o assunto dominante da conferência de imprensa de Fernando Santos para antecipar o particular da selecção portuguesa em Alvalade com a Nigéria. Mas Fernando Santos, a cada resposta que deu, fez por desvalorizar o impacto das palavras de CR7, que até nem irá participar naquele que será o último jogo de Portugal antes de partir para o Mundial do Qatar.

“É normal, já sei que serão sempre quatro ou cinco perguntas sobre o Cristiano Ronaldo. A entrevista não tem nada a ver com a selecção. Decidiu dar uma entrevista, são coisas dele. Tanto quanto sei, não fala da selecção, é uma entrevista muito pessoal que temos de respeitar. Temos de ter respeito pelo que os outros pensam desde que não interfira no nosso trabalho”, respondeu o seleccionador nacional a uma das perguntas sobre CR7.

Outra das perguntas tento perceber junto de Santos se tinha conhecimento da entrevista antes de ser divulgada. “Não tinha de falar, nem informar a mim ou a selecção. Ele não é livre? O que é que isso afecta a selecção? Percebo a pergunta, mas… O que me interessa é o que se fala cá dentro e cá dentro se fala do Qatar”, reforçou o seleccionador, a quem também perguntaram se havia alguma obrigação de colocar Ronaldo a titular. Não há, respondeu Santos. Nem ele, nem ninguém. “Não é uma questão de obrigação, ninguém é obrigado a nada. Acho que todos os jogadores que aqui estão têm condições para ser titular, não me parece que haja obrigação de colocar quem quer que seja de início.

Ainda sobre Ronaldo, Santos revelou que o ainda jogador do Manchester United não irá defrontar a Nigéria por causa de uma gastroenterite, e que “está no quarto, a descansar”. Logo de seguida, um jornalista britânico da Sky News perguntou se a gastroenterite, “uma daquelas desculpas que os jogadores costumam dar”, era verdadeira. “Se fosse outro jogador qualquer não punha essa questão. É mesmo verdade, ele tem uma gastroenterite”, frisou.

Também se falou de assuntos extra-Ronaldo, como os minutos acumulados nas pernas dos jogadores portugueses: “Quando tens muitos minutos, quer dizer que há cansaço acumulado, há que gerir bem esses tempos. Em Junho há jogadores sem ritmo, outros que jogaram até ao fim. Aqui acontece a mesma coisa. Até 24 de Novembro, e no jogo de amanhã, vamos gerir todas estas questões”, revelou Santos.

E a escolha da Nigéria como adversário, obedeceu a algum critério? “Não é hábito as selecções europeias defrontar equipas de três continentes diferentes. Temos mais hábitos com as sul-americanas. Esta equipa tem essa matriz, melhorou muito em termos tácticos e estratégicos. A Nigéria terá alguma coisa a ver com o Gana, de resto, não. Não havia um leque muito alargado de equipas, o Peseiro também mostrou disponibilidade, foi uma escolha boa.”

Sobre os seus centrais, Santos garantiu que Pepe está a recuperar e “terá tempo para melhorar os ritmos”, e reforçou a confiança no novato António Silva, dando, de caminho, a entender que escolheu o jovem do Benfica em detrimento de Gonçalo Inácio porque o central do Sporting está rotinado numa defesa a três. “Se foi convocado eu acredito nele. Sempre achei que levaria quatro centrais, três estavam praticamente certos, dos outros fui observando muitos jogos, entendi que em termos técnicos e estratégicos, a minha equipa joga com quatro atrás e dei uma atenção especial a quem joga a quatro. Outros podiam ter vindo, recaiu nele, podiam vir outros.”

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