Destroços do vaivém espacial Challenger encontrados 25 anos depois da explosão

Peça do vaivém da NASA, que explodiu em 1986, foi encontrada no fundo do mar por uma equipa de mergulhadores que estava a filmar um documentário na Florida, Estados Unidos.

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Explosão do vaivém Challenger da NASA, em 1986 Centro Espacial Kennedy

Um grupo de mergulhadores de uma equipa de filmagens, que está a fazer um documentário à procura de destroços de um avião da Segunda Guerra Mundial na costa da Florida (Estados Unidos), descobriu uma peça com seis metros do vaivém espacial Challenger, que explodiu logo após a descolagem, em 1986.

A informação foi divulgada pela NASA na última semana, depois de os mergulhadores entrarem em contacto com a agência espacial norte-americana. O grupo tinha avistado um objecto moderno e enorme, coberto maioritariamente por areia no fundo do oceano, e com as telhas de protecção distintivas do vaivém, explica a NASA em comunicado.

“Esta descoberta dá-nos a oportunidade de parar uma vez mais, para engrandecer o legado dos sete pioneiros que perdemos [com a explosão do Challenger] e reflectir sobre como esta tragédia nos mudou”, afirma Bill Nelson, administrador da NASA, citado no comunicado. O desastre do Challenger foi a primeira grande catástrofe do programa espacial norte-americano (ainda haveria Columbia em 2003).

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Mergulhadores exploram uma peça com seis metros do vaivém espacial Challenger, que explodiu em 1986 73 segundos depois da descolagem History Channel/REUTERS

O grupo de mergulhadores estava a explorar o fundo do mar na costa da Florida no início deste ano, inserido no trabalho para o documentário do Canal História “The Bermuda Triangle: Into Cursed Waters”, sobre esta faixa do oceano Atlântico (o chamado triângulo das Bermudas) que têm motivado mitos sobre o alegado desaparecimento sobrenatural de aviões ou navios. A existência de “fenómenos sobrenaturais” nesta zona já foi afastada por diversas vezes pela comunidade científica.

Nesta região, a equipa estava à procura dos destroços de um avião de resgate, o PBM Martin Mariner, que desapareceu sem deixar rasto a 5 de Dezembro de 1945 – enquanto procurava cinco bombardeiros da Marinha norte-americana que estavam, também eles, desaparecidos.

É a primeira vez em 25 anos que se encontra uma peça do Challenger. “Para milhões em todo o mundo, inclusive eu, 28 de Janeiro de 1986 ainda parece ontem”, descreve o administrador da NASA. A confirmação de que estes destroços pertencem ao Challenger aconteceu dias antes da concretização da missão Ártemis I, que descolou esta quarta-feira para o espaço e deu o pontapé de saída no novo programa espacial norte-americano.

Bill Nelson acrescenta, no comunicado, que a NASA está a discutir se deve recuperar os destroços do vaivém espacial e “quais as acções adicionais que podem ser tomadas em relação a este artefacto que honrará o legado dos astronautas do Challenger e das suas famílias”.

A 28 de Janeiro de 1986, o Challenger transformou-se numa bola de fogo cerca de um minuto após a descolagem do Centro Espacial Kennedy (Florida). Todos os sete tripulantes morreram, incluindo a professora Christa McAuliffe, o primeiro “passageiro comum” que a NASA levaria ao espaço. Era professora de inglês e de história e tinha sido seleccionada entre 11 mil candidatos, com o plano de dar aulas a partir do espaço.

As palavras do então Presidente norte-americano, Ronald Reagan, definem o peso desta data: “Esta é verdadeiramente uma perda nacional. Nunca tínhamos perdido um astronauta em voo, nunca tivemos uma tragédia como esta.”

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A tripulação do Challenger a 28 de Janeiro de 1986 NASA

As investigações ao sucedido culpam o isolamento frágil num dos propulsores do foguetão, um problema que terá sido agravado pelas temperaturas excepcionalmente baixas nesse dia. O desastre do Challenger continua a ser uma das maiores tragédias do programa especial dos Estados Unidos.

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