110 Histórias, 110 Objectos: a maquete do campus Taguspark

No 68.º episódio do podcast, exploramos a maquete do Taguspark. O 110 Histórias, 110 Objectos, do Instituto Superior Técnico, é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. Siga-o nas plataformas

No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. No 68.º episódio do podcast, exploramos a maquete do campus Taguspark.

Foto
A maquete do campus Taguspark Instituto Superior Técnico

O campus do Técnico em Oeiras foi inaugurado em Novembro de 2002 e assumiu-se como um peça fundamental do ensino e da investigação da instituição. Integrado no Taguspark, hoje autodenominado “cidade do conhecimento”, o campus é ainda uma pequena parte do que foi idealizado e fixado nos anos 1990.

A maquete do campus Taguspark, datada desse período, faz lembrar uma espécie de sextante (vista de cima), com uma rotunda central e vários edifícios radiais e circulares interligados. No terreno, estamos ainda no início do processo de aplicação de uma ideia desenvolvida por José Tribolet e Lourenço Fernandes, professores no Técnico, ainda no final dos anos 1980, e sintetizada no projecto chamado Portugália.

“Estivemos na Califórnia a trabalhar no desenho de um projecto que era uma coisa que tinha 300 hectares e que visava criar toda uma estrutura nova no país que fosse rentável a 40 ou 50 anos de distância”, explica José Tribolet, professor catedrático jubilado do IST, também fundador, antigo presidente do INESC - Instituto de Engenheira de Sistemas e Computadores e um dos criadores e antigo presidente do Departamento de Engenharia Informática.

O projecto consistia na criação de um “parque de desenvolvimento de empresas de nova tecnologia e que precisava de ter ensino, investigação e sobretudo jovens estudantes que ficavam lá a trabalhar e iam lançar as suas empresas”. Esta ideia para uma espécie de “Coimbra dos tempos modernos” materializar-se-ia na constituição de uma sociedade em que em que as partes académicas (ensino e investigação) ficariam com 30% e 30 hectares de terreno.

Estamos a descrever o código genético do actual Taguspark, que se instalaria em Oeiras, depois de terem sido consideradas possibilidades como Santarém, Mafra, Setúbal e arredores de Lisboa. Ao avanço da autarquia de Oeiras juntaram-se a Universidade Técnica de Lisboa (UTL), hoje integrante da Universidade de Lisboa e o INESC. Nuns estatutos muito discutidos, fixavam-se 15 hectares de terreno para o IST, dez para o INESC e cinco para a UTL, ficando ainda reservados quatro hectares para a construção de residências escolares.

Fechado o conceito, era tempo de dar forma a um projecto arquitectónico. Do concurso público saiu vencedor, em 1997, um projecto de Manuel Pardal Monteiro e João Pardal Monteiro (a saber: sobrinhos-netos de Porfírio Pardal Monteiro, o “arquitecto de Lisboa” (1897-1957) - que projectou, entre 1928 e 1935, as instalações do campus do Técnico na Alameda (ouvir episódio 19) – e filhos de António Pardal Monteiro, sobrinho de Porfírio, autor dos projectos de ampliação nas instalações da Alameda, as Torres Norte e Sul, e também o edifício conhecido como Pavilhão de Civil, nos anos 1990).

“A dada altura no Técnico havia uma corrente que dizia ‘os Pardais fazem tudo, isto não pode ser, vamos abrir um concurso público internacional para fazer o campus do Taguspark’. O meu pai concursos não era com ele. Já tinha uma certa idade e não precisava disso. Nós, pelo contrário, éramos jovens arquitectos e precisávamos de nos afirmar. Quando falaram no concurso decidimos que tínhamos que fazer e ganhar”, lembra o arquitecto Manuel Pardal Monteiro. E assim foi.

Do projecto ao terreno a viagem não foi fácil e ainda ficou muito por fazer. “Desenvolveu-se aos bocadinhos, à medida dos orçamentos (entre 1997 e 2008). Está uma pequeníssima parte no terreno, apenas”, explica Manuel Pardal Monteiro. “Os financiamentos não foram distribuídos. Se não fosse o Técnico, a sua força, a sua autoridade, e a sua capacidade de decisão, não tinha sucedido nada”, defende José Tribolet. A decisão foi tomada por Diamantino Durão, presidente do Técnico entre 1984-1991 e entre 1993 e 2000, que decidiu avançar de forma progressiva em de vez de esperar para ter financiamento para todo o projecto.

Voltamos ao ano 2000, com o campus no Taguspark pronto a abrir ao público, agora com o testemunho de Guilherme Arroz, antigo professor do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do Técnico e antigo director adjunto para o Taguspark, durante o processo de abertura das instalações.

“Todos nós tínhamos a visão de que era necessário olhar para as telecomunicações em Portugal e desenvolver uma coisa que nos permitisse seguir o que estava a acontecer no mundo todo. E quem diz telecomunicações, diz a introdução dos computadores, da automação, digamos da utilização de sistemas de informação em todo o tipo de actividades”, explica.

A ideia para o campus era de “era preciso ter uma perspectiva diferente e mais interveniente do Técnico”. E apesar de grande parte do projecto estar por construir, Guilherme Arroz não tem dúvidas: “O Taguspark vai cumprir a sua missão. Está é com 20 anos de atraso.”


O podcast 110 Histórias, 110 Objectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. É um programa do Instituto Superior Técnico com realização de Marco António (366 ideias) e colaboração da equipa do IST composta por Filipa Soares, Sílvio Mendes, Débora Rodrigues, Patrícia Guerreiro, Leandro Contreras, Pedro Garvão Pereira e Joana Lobo Antunes.

Siga o podcast 110 Histórias, 110 Objectos no Spotify, na Apple Podcasts ou em outras aplicações para podcast.

Conheça os podcasts da Rede PÚBLICO em publico.pt/podcasts.

Sugerir correcção
Comentar